Bem, saindo para caminhar na manhã de hoje comecei a lembrar da reunião que tive com o pessoal da Rede Humaniza SUS nessa semana. Um dia onde os editores se encontraram aqui em São Paulo para discutirem seus novos modos de se relacionar, dado que tudo indica que para o ano que vem esse grupo vai poder ser parcialmente remunerado pelo trabalho que faz. Ouvindo essas pessoas que atuam já a alguns anos, no caso de alguns, de modo voluntário no cuidado, acolhimento e gestão dessa rede falarem de sua paixão pelo SUS, pelos modos de fazer política, pelo jeito de continuamente se reencantar pelo trabalho que desenvolvem e, sobretudo, pelo jeito que pensam a saúde, fui ficando impactado por essas impressões... De pano de fundo, fui guardando uma vontade de usar esse efeito, o impacto das conversas, para pensar em como a modelagem de complexidade (o encanto do momento) estaria a serviço dessas coisas todas que ouvi...
E caminhando um pouco mais fui lembrando da importância que há na política de humanização para a função apoio (o tal do devir apoiador). Lendo alguns trechos da tese de doutorado do Gustavo Nunes, atual coordenador da PNH junto ao Ministério da Saúde, encontrei logo no começo, em seu resumo, um bom disparador para o pensamento:
"O apoio, tomado como uma função, inscrita em arranjos concretos que põe em relação sujeitos com diferentes desejos e interesses, com a missão de ativar objetos de investimento mais coletivos e de apoiar esses sujeitos na ampliação de sua capacidade de problematização, de invenção de problemas, de interferência com outros sujeitos e de transformação do mundo e de si, implica em uma tarefa
clínica-crítica-política."
A definição provocou pensar um pouco mais na relação que isso tem com o sistema Drupal, que usamos para o desenvolvimento da rede, que já está próxima de seus quase 4 anos de existência. Acontece que o Drupal é um sistema criado com uma arquitetura muito interessante enquanto modelo de software, permitindo criarmos processos que seriam muito mais difíceis em outros tipos de programa. Vou tentar resumir aqui essas características que podem servir como disparadores de ideias para futuros desenvolvimentos:
- qualquer elemento no Drupal pode ser modelado como um node, ou seja, pode virar uma espécie de nó do sistema, onde podemos conectar funções, ganchos (os famosos hooks do Drupal), eventos e fluxos específicos de execução (organizados em etapas, por exemplo);
- quando qualquer node é acessado, o Drupal usa um sistema chamado bootstrap, que pergunta a todos os módulos instalados se eles possuem algum hook relacionado a algum evento relacionado ao tipo do node. Por exemplo, quando um nó é visualizado, o Drupal percorre todos os módulos para verificar se eles possuem algum hook que irá afetar a visualização daquele tipo de node, seja modificanto visualmente, seja incorporando alguma nova funcionalidade;
- quando qualquer evento no Drupal acontece, ele permite identificarmos essa evento e relacionarmos alguma ação específica, naquilo que o Drupal chama de sistema de Triggers. Isso, por si só, é algo realmente muito interessante, permitindo que possamos modelar uma série enorme de funcionalidades quando os usuários do ambiente fizerem alguma ação que possa ter desdobramentos disparadores... Tá começando a ficar quente aqui!
Foi então que me ocorreu a ideia de modelar o apoio como um node do Drupal, onde poderíamos associar funções, eventos e utilizar o gerenciador de Triggers para, conforme os tipos de eventos associados a função apoio, conectar pessoas, criar links, fazer pontes, estabelecer novas relações e fomentar a ativação desses objetos de investimento mais coletivos, como bem diz a descrição acima da funçaõ.
Brincando com isso, comecei a esboçar um infográfico para dar um pouco mais de corpo na ideia:
A ideia da brincadeira seria:
- modelar um node em drupal para a função, permitindo que pessoas pudessem se inscrever oferecendo apoio em determinados tipos (categorias fixas e emergentes), por região, pelo karma que possuem na rede, pela disponibilidade de tempo online;
- permitir que pessoas que queiram solicitar apoio, pudessem também se inscrever nesse node, usando também critérios similares de seleção;
- assim que um node apoio fosse criado, algoritmos analisariam os filtros selecionados e disparariam um evento, se assim houver, de criação de um novo node chamado conversa, agrupando essas pessoas que queiram oferecer e solicitar apoio. Esse node de conversa poderia servir como uma região em tempo síncrono e não-síncrono, onde essas pessoas formariam uma espécie de grupo temporário de apoio naquela situação, naquele contexto, naquele tempo em que isso fizer sentido.
Agora, é avançar na modelagem, experimentação em DEV e analisar possíveis efeitos. vqv! :-)