quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Apresentando no IV SECIN - Seminário de Ciência da Informação

Fui ontem a Londrina, visitar a Universidade Estadual - UEL, participando do IV SECIN para apresentar alguns resultados de meu trabalho de doutorado por lá.

Ambiente gostoso, lugar desconhecido com cheiro de conhecido, clima quente, boas caminhadas, reflexões e boas conversas. Tem sido muito interessante para mim essa andança que tenho feito a partir do começo desse ano, indo a outras universidades, conhecer pessoas, apresentar e assistir apresentações de trabalhos de gente que está estudando e buscando se tornar um pesquisador assim como eu.

O caminho da pesquisa é fascinante por muitas razões. Mas, sobretudo, o que tem mais me atraído é a possibilidade do "livre" pensar, para quem quer e está disposto a se articular para isso. Conhecer pessoas, construir ideias, imaginar desenhos e contornos de possibilidades, conseguir tempo para experimentar e atuar a partir de outras demandas de tempo é algo singular e muito raro. A qualidade do trabalho muda, o olhar se afina para coisas que antes não pareciam fazer sentido, os fundamentos do pensamento são colocados em questão e novas janelas se abrem a partir de cada encontro.

O fundamental é se permitir a isso, se livrando de preconceitos e outros valores que podem na verdade criar níveis de engessamento que acabam te impedindo de ouvir o outro e conhecer sua perspectiva sobre um trabalho. Seja dentro da universidade ou fora, nos movimentos ativistas, políticos ou qualquer que seja, gente é gente, curiosidade é curiosidade e, sobretudo, liberdade é liberdade. Mentes livres que não precisam de contornos prévios para se definir. Elas partem do exato ponto onde estão e produzem um mundo novo em qualquer brecha que visualizam.

Frutos de conversas... Mas, apresentei o trabalho abaixo por lá.



Na conversa final, numa boa apresentação da turma por lá, fizemos algumas passagens interessantes buscando entender como uma área ainda tão pequena como a Ciência da Informação poderia agregar tanta gente de outros campos, espaços e experiências de pesquisa/trabalho.

É fato que a Ciência da Informação é um espaço muito pouco definido. Por isso, tão interessante. Sendo Ciências Sociais Aplicadas, como formalmente é pensada, acaba agregando gente que vêm das engenharias, exatas, filosofia, comunicação, e por aí vai. Um campo/espaço de conversa, lugar mal formado em passo de se formar, espaço aberto para construções de referências, pensamentos e modos de olhar para as coisas ainda livres de julgo pré-definido com o rigor do pensamento "real". Realidade em trânsito, em modos de transitar, em meios de caminhar, espaços para serem preenchidos.

Delícia de local, habitar o "entre" de vários outros locais. Ativador de imaginários, o que tem sido fundamental em tempos de transições de modos de olhar, pensar e agir.

É fato que a realidade é mágica, que pode ser construída de relance, no trânsito do pensamento em movimento de pensar. A informação é "objeto" livre de definição, objeto surgido com o objetivo de estar num sempre vir a ser definição. Metáfora interessante, útil como disparador de novos sentidos que se prestam a dissolver sentidos. Brincadeiras contínuas de modos de pensar.

Enfim... muito foi disparado nessa conversa de ontem a tarde. Feliz de ter participado e ver esse tipo de papo acontecer em locais que jamais imaginaria encontrar esse tipo de interface. Ainda só começando... ;-)




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Apresentando no X Cinform - Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa em Informação

Na pegada desse ano, parte dos objetivos de trabalho passa por sistematizar melhor as pesquisas que tenho feito para o doutorado, enviando artigos e participando de eventos apresentando resultados do trabalho.

Processo relativamente novo, interessante e, de qualquer maneira, muito bom para perceber os efeitos do que tenho produzido, ouvindo comentários de outras vozes, rostos e palavras até então não conhecidas. Exposição para se ver.

Dessa vez, venho a Salvador, participar do X CINFORM - Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa em Informação, realizado pelo Instituto de Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia. É o primeiro evento nacional de âmbito "científico" que participo. Experiência para ver e rever escolhas e apostas.



Gostei do clima daqui. As discussões começaram sobre como a cultura tecnológica (cultura do estímulo a inovação contínua) acaba gerando em todos os campos um ensino voltado para produzir e replicar a própria cultura de consumo. A base da ciência tem se voltado para formar produtores eficientes e consumidores compulsivos (fala de Pedro López López, de Madrid). De fato, concordei e vejo isso se replicar por muitos locais por onde tenho passado.

A cultura da rede também traz a promoção e replicação em outros níveis de escala a lógica do consumir e consumir. É preciso olhar para isso com certa atenção e menos ingenuidade, em muitos momentos. As perguntas que de fato movimentam todos os fluxos em rede acabam indo para outro lugar. Para a construção da linguagem, a percepção do real e a formação da consciência como espaço de relação... Sim, mas isso já é outra conversa que pretendo aprofundar mais pra frente.

Na parte da tarde, começamos a expor os trabalhos que foram enviados por profissionais, alunos de graduação, pós, etc. Apresentei esse trabalho abaixo, como parte das pesquisas que tenho feito no doutorado:





Conversa boa ao final. Bons comentários relativos a modos de ampliar as expressões de pesquisa e ver o efeito que isso pode causar nos tipos de rede que tenho encontrado.

O importante desse tipo de trabalho, nesse momento, tem sido o exercício de uma outra forma de linguagem. Uma linguagem menos linear e mais relacional, onde consigo agrupar diversos elementos dispersos e analisar de forma conjunta, afinando o olhar e percebendo níveis de relação que antes não conseguia ver. O que fiz nos dados que pude extrair do Google Acadêmico, transformando aquelas listas em grafos, mostrando modos de relação e escolhas no fazer da pesquisa daquele grupo de pessoas que me ajuda a entender seus movimentos de conversa, formação de redes e outras relações possíveis.

E assim, algumas outras pistas vai ficando mais evidentes... ;-)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Fonte força raiz

Fonte força raiz
num fio colorido
tece formas que se dissolvem no ar

Bolhas em palavras dançando mistérios
Faces de uma cor apenas a vir a ser

Nem símbolos, nem significados,
Nem meio, nem fim,
Vozes cruzadas como romarias
Campos e mais campos de potenciais

Por entre eles, um ritmo
Sutil expressão de sua própria natureza
Livre, liberta, natural.

Em teus momentos, apenas bolhas expressões palavras
Bolhas de realidade, criadas, construídas como vida
Por onde apenas, tudo simplesmente passa.

Mas, há algo que fica.
E nesse algo reside tua pergunta, tua busca,
Tua tentativa de encontrar o mais do mesmo vir a ser,
E por onde sabes, moça, que nem mesmo a tua presença
Repousa como resto, forma de existência.

sábado, 10 de setembro de 2011

Exercitando espaços de colaboração e reflexão: um curso de comunicação

Experimentar espaços de colaboração e reflexão nem sempre é tarefa fácil ou mesmo trivial. Desde criar o ambiente, produzir o contexto, o cuidado da relação entre as pessoas a construção da linha sentido há um processo contínuo de explicitar apostas e se reconhecer por dentro delas. 

Há 3 questões fundamentais para parecem nos orientar dando o contorno nessa experiência de um novo curso da qual estou participando/ofertando:
  1. É possível falar em Comunicação Comunitária num tempo em que as mídias oficiais/comerciais – totalmente ocupadas em vender ideias, produtos e serviços – se impõem sobre a sociedade?
  2. Como reconhecer e respeitar as ações de 'comunicação comunitária' realizadas por pessoas e instituições que se pautam nos mesmos valores que orientam as mídias oficiais/comerciais?
  3. Restam espaços onde sejam possíveis criar e fazer valer princípios de uma comunicação comunitária comprometida com a cidadania?

 A proposta é ousada. Abrir um espaço de reflexão para analisar e propor modos de caminhar por dentro dos vários discursos de comunicação então vigentes e promovidos pelas mídias oficias, encontrando brechas, espaços ainda não ocupados por onde manifestar outros modos de inteligência, outros modos de relação e, sobretudo, outros modos de se relacionar. 

Quando: 29/9, 6, 13, 20 e 27/10 – terça-feira – das 19 às 22 horas
Onde: rua henrique shaumann, 125 – pinheiros – são paulo – sp (quase esquina com av. rebouças)

Mais informações, por aqui!

domingo, 4 de setembro de 2011

De grupo-assujeitado para grupo-sujeito: formação como projeto de intervenção

"Mais do que isso, se entendemos que um dos papéis de uma política pública de inclusão digital é facilitar a promoção de redes, é facilitar essa promoção a partir de uma perspectiva que entenda que uma rede só emerge livre quando seus membros se colocam não como um grupo-assujeitado, mas sim como um grupo-sujeito não submetido a regras externas, com poder de fala irruptiva em uma ação transgressora dos significantes sociais dominantes e das regras de
assujeitamento (Passos, 2007)."

"Vemos o espaço de telecentro como um espaço de relações, um espaço ocupado por papéis que vão ser exercidos e mutuamente realimentados: o monitor e os usuários. Formar, capacitar, no entendimento dessa visão, é criar um contexto, um espaço reflexivo que permita visualizar esses papéis apenas como transitoriedade momentânea do nosso fazer coletivo, é auxiliar a transpor esses papéis para um campo de escuta e conversa que se manifeste como possibilidade de aprendizagem
consciente em nosso cotidiano."

 ... e um pouco mais das reflexões que temos feito no exercício de documentação que fiz junto com a companheira Isis.