quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Novos protocolos: imaginários em modos de presença, interoperabilidade e disponibilidade em tempo real

A ideia de brincar com a modelagem de protocolos é algo que faz parte do imaginário já a algum tempo, sobretudo desde os tempos de laboratório na época do mestrado, ainda na Unicamp. O tempo se passou e outras coisas foram tomando a atenção, foco e o brilho que movimenta e convoca para a ação. Mas, a ideia continuou ali, me encontrando em vários momentos em que pesava a limitação de interatividade que eu acabava por perceber nos sistemas, redes e ambientes nos quais estive envolvido de algum modo nos últimos anos.


As coisas giram e cá estou eu novamente, voltando para a pesquisa a partir de outro giro da espiral, com outros modos de ver e entender as coisas, com melhores níveis de leitura de mundo e um pouco mais de clareza de para onde ir.



A modelagem de sistemas complexos tem me seduzido com bastante intensidade e tenho falado sobre isso aqui em vários posts, sobretudo em 2011. Modelagem não tem apenas o aspecto de análise daquilo que existe, mas também (e isso pode ter MUITO potencial ainda a ser explorado em termos de possibilidades do imaginário) de possibilitar que criemos novos sistemas, que criemos modos de interoperar e se relacionar que possam ser pautados por outros valores além daqueles que já conhecemos e talvez não gostemos.


Bem, saindo da boa conversa e fundamental teoria, tenho me proposto em conversas com alguns parceiros do além rede, a começar um exercício de modelagem, proposição e experimentação com um conjunto de tecnologias que teria por objetivo propor formas mais distribuídas, descentralizadas e autônomas de comunicação e interação em rede.


Com uma boa provocação do José Murilo, atualmente na Coordenação de Cultura Digital do MinC, mas mano véio de várias paradas de estradas desde os velhos tempos de metáforas, comecei a exercitar os imaginários na ideia de produzir uma interface que pudesse:

   1. permitir que qualquer autor pudesse publicar uma obra (seja ela em que formato for), conectado um nível de direito autoral;
   2. permitir que qualquer autor tivesse uma única chave primária de identificação nesse ambiente;
   3. permitir que o modo de armazenar esses dados não fosse centralizado, estando distribuído em vários níveis e categorias de servidores com alguma forma de certificação para fazerem parte dessa rede;
   4. permitir que qualquer aplicação pudesse se conectar nessa rede, bastante apenas que criasse alguma interface com uma API de acesso, permitindo que dados pudessem ser remixados de qualquer modo possível;
   5. permitir que diferentes serviços pudessem ser gerados a partir desses dados armazenados, estando apenas limitados pelo nível de exposição que o próprio autor decidisse em relação ao seu perfil;
   6. permitir que redes, redes e mais redes pudessem ser montadas a partir de diferentes modos de combinação dessas informações;
   7. permitir que o protocolo não apenas servisse para circulação descentralizada de informação, mas fosse base também para identificação, presença e interatividade em tempo real.

 Bons desafios, vários caminhos possíveis, ora mais centralizados, ora menos. Acontece que há várias tecnologias livres, de padrões abertos e normalizadas por institutos internacionais (assim como TCP/IP, HTTP, FTP, etc...) que poderiam ser modeladas em camadas para uma arquitetura de aplicação em rede que desse conta desses 7 pontos acima listados.


Pensei um bocado sobre isso e acho, e continuo achando, que um trabalho desse não pode ser feito por apenas uma pessoa e que valeria a pena que fosse feito em encontro de muitas visões, saberes, experiências. Criar algo desse modo envolve muito mais que tecnologia, envolve um nível de relação entre pessoas que extrapola as limitações do que minhas linhas de código podem prever.


De qualquer modo, enquanto isso ainda não acontece, comecei a brincar com modelos possíveis, provocativos de outras conversas que possam se interessar por expandir, criticar, derivar essa ideia inicial.


Segue aqui abaixo o primeiro modelo de arquitetura que comecei a desenhar:

A ideia é relativamente simples (e espero que consigamos mantê-la simples), sendo a arquitetura baseada num modelo em 3 camadas, onde teríamos:

   1. Camada de interface: é aquilo que apareceria para as pessoas e programas que iriam se conectar nessa rede distribuída. Seriam sistemas, sites, redes sociais, ambientes de governo que quisessem se conectar a plataforma distribuída, seja para alimentá-la, consultá-la ou gerar algum remix de informação que lhe interessasse;
   2. Cama de modelagem e serviços: aqui tem muito para ser pensado e experimentado. A ideia é criar um conjunto de APIs para disponibilizar modos de acesso a camada de dados que fossem mais simples. Além disso, podemos implementar usando padrões em XMLSchema estruturas de organização da informação que viabilizasse uma infinidade de workflows de troca de dados, permitindo não apenas estruturar a informação, mas como estruturar fluxos de troca, como por exemplo,
   3. Camada de persistência de dados: é aqui que ficam armazenados os dados de identificação, perfis, publicações e fluxos semânticos de trocas possíveis entre pessoas se relacionando a partir de toda essa plataforma.

A ideia é utilizarmos o protocolo XMPP como apenas o modelo de comunicação, deixando para as modelagens de modos de relação para o espaço semântico ali representado na camada 2. Enfim, um começo de modelo vai aparecendo por aqui, espero que sirva mais do que plataforma técnica, mas como elemento disparador de conversas, críticas, expansões que sirvam para brincarmos com as possibilidades de modelagem que nossos imaginários conseguirem nos levar.

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