sexta-feira, 27 de abril de 2012

O mágico, o matemático e o engenheiro

Quando mágico, desapareço nexo e inverto sentido
Aparento ritmo, escalando por entre respiros
Vizinhando o toque do espanto, reflexo de luz repentina
Inventando rima, sigo assim, procurando o efeito do momento sutil.

Mas o que surge, por entre o passe da mão, é a forma
Ondulando espaço, triangulando círculos repentinos num vértice contínuo.
Mais de mim que surpreende, mas por onde?
Quando viu, foi pra lá o que era daqui.

No reverso, surge fórmula, tangente ditando norte
O homem que a escreve espreita incerteza
Surpresa de escuta, quando palavra rompe
Reinventando um novo rumo, caminho trançado de eixos.

Estrutura, dizem dali, rigor traçado de espelhos
Retinando bolhas, vapores concretos em sínteses de si
Mas, o espaço não cessa e nem interrompe momento
Se abre tela, desenho de uma verdade fundada assim.




quinta-feira, 26 de abril de 2012

Contorno de um movimento ali

Um velho pisca de relance na virada de um passo qualquer
Paro de retorno, olhando de lado
Mas não vejo nada o que em mim viu.

Vejo um outro olho, marcado de rumores de vento
Sentidos disparados e plantados num traço de amarelo
Contraste de traça, de caminho por entre palavras
Moídas num canto de página como se verdade é o que se diz.

Mas, é ali que acho uma pista, um contorno,
Um meio termo de brecha, uma abertura esquecida,
Palavra que pego, guardo entre braços abertos
Atento ao ponto em que lanço, giro e paro....

... observando o que se move, anotando tudo
num traço de pele, numa gota de suor corrido
que se lança em meio a um passo a um certo meio fio
registrando um contato de primeiro grau subvertendo a ordem em vias públicas.



sábado, 14 de abril de 2012

As linguagens da psicose e modos de modelar redes linguísticas

O insight de que as redes de conversação humana formam sistemas complexos que podem ser estudados da perspectiva da linguagem que geram não é uma novidade. Tenho visto estudo sobre issos já a algum tempo, envolvendo desde a turma da aprendizagem organizacional e biologia cultural até o pessoal mais voltado para análise complexa, caos e dinâmica de redes.

A linguagem é uma forma de expressão que carrega em sua própria concepção uma perspectiva estrutural bastante forte. A posição das palavras, seus papéis sintáticos e semânticos, as funções exercidas, enfim, um universo de conceitos que revelam estrutura na relação entre palavras. Estudar qualquer aspecto estrutural pela uso da análise estrutural e dinâmica de redes é algo que pode fluir com bastante facilidade. O uso da modelagem de dados por estruturas como grafos e as possibilidades de indicadores que geramos dessas técnicas tornam-se um recurso de pesquisa e experimentação fantástico para identificar tendências, padrões e aspectos que marquem as característica de uma estrutura.

Caracterizar estruturas não é um processo fácil, exato. Na verdade, ferramentas de descrição podem ajudar muito, mas um certo aspecto intuitivo é fundamental para dar relevância, filtro e sentido para aquilo que as análises mostram. Nada de novo, desde que estatística é estatística as coisas seguem mais ou menos desse modo.

Essa semana, recebi de um amigo um link de um artigo científico que fala de usos da análise de redes para identificação de padrões estruturais na linguagem de pessoas com psicose e manias. Os resultados são bastante simples e as imagens muito intuitivas, mostrando algumas formas estruturais que revelam diferentes modos de utilização da linguagem.

Um dos pontos mais importantes é pensarmos que esse uso, no caso direcionado mais para a área da saúde e casos clássicos, pode também ser direcionado para sistemas de conversação humano como um todo. Grupos de trabalho, redes sociais, comunidades, etc... formam sistemas linguísticos que reverberam estruturais de organização do que corre por dentro das veias do grupo. Sem dúvida, não é uma abordagem absoluta e num deve ser considerada única, mas é mais uma forma de espelhamento, de reflexão sobre aquilo mesmo que construímos em conjunto e que não se torna visível para quem não se questiona e busca analisar os próprios padrões de si.


A perspectiva da dobra é autoconhecimento, seja de si, seja de um grupo. Com que objetivo mesmo? :-)))