terça-feira, 22 de maio de 2012

Federações de sistemas de informações como de governança eletrônica

Assista "Towards Open Metadata Management: promo video of the ADMS-enabled federation on Joinup" no YouTube

Sem dúvida passos técnicos como esses não andam sozinhos. O mais importante por trás disso é a enorme oportunidade de encontro entre pessoas para falarem de suas visões de mundo e definirem maneiras de conversarem por esses protocolos.

sábado, 19 de maio de 2012

Quando os menus do Moodle param de funcionar, o que fazer?

Estou administrando desde o final do ano passado um sistema Moodle na Fatec Ipiranga. A ideia do sistema é servir como um repositório de conteúdo do material que os professores utilizam em sala de aula, gerenciar o lançamento de notas, faltas e servir como um espaço para que os alunos possam trocar mensagens, links, blogar e gerenciar um pouco melhor sua vida acadêmica.


Já tenho trabalhado com Moodle desde 2005, quando participei do projeto Pangea em sua proposta de formação para conselheiros de conselhos municipais do trabalho. Projeto inicial, Moodle ainda bem embrionário e muita coisa mudou no Moodle e na Internet desde então.

Ocorre que nesse ano estamos trabalhando com o Moodle versão 2, ou seja, com todas as novas funcionalidades e recursos que essa nova série do sistema tem para oferecer. Porém, nem tudo é simples...

De uns 10 dias pra cá, o Moodle simplesmente começou a não permitir que abríssemos seus menus em javascript. O sistema parou de permitir que os usuários acessassem seus conteúdos.

Pesquisando, pesquisando, pesquisando... achei algumas recomendações que queria deixar documentando por aqui, pois outros devem passar pelo mesmo problema e o susto é razoável.

O Moodle gera um cache de várias funcionalidades: html, javascript, dados dinâmicos e outras coisinhas do sistema. Esse cache fica no servidor e vai chegando num nível que ele não consegue gerenciar direito. Logo, o sistema precisa limpar o próprio cache, porém, ele não sabe disso até que você informe.

Logo, o Moodle disponibiliza um script em php que fica nesse endereço: http://yourdomain.com/admin/purgecaches.php

Esse script limpa tudo o que estiver em cache no servidor, fazendo com que todas as novas funcionalidades tenham de ser carregadas novamente para o cliente. Isso traz as funções do sistema de volta ao seu modo padrão.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O valor e a escala de crescimento das redes: leis de Metcalfe e Reed

Lendo a revista Wired essa semana, na entrevista de Marc Andreensen, ele trouxe a tona duas "leis" que tentam dar conta de projetar o valor das redes e o modo como elas se organizam por comunidades. O ponto em comum dessas duas formas de olhar para redes é que elas falam de fenômenos ligados ao crescimento delas, ou seja, quando mais nós e mais links começam a fazer parte de uma estrutura algo ocorre.

Esse algo tem a ver com o modo de valorar redes e o modo de enxergar a formação de subgrupos.

A lei de Metcalfe

Metcalfe é um dos pioneiros da Internet, tendo sido o inventor do padrão Ethernet de comunicação de redes locais.
A sua ideia, extraído da Wikipedia, diz o seguinte:

"O valor de um sistema de comunicação cresce na razão do quadrado do número de usuários do sistema."



\frac{n(n-1)}{2}

Bem, isso pode significar muitas coisas sob vários pontos de vista. Porém, basicamente, pra mim significa que quanto mais gente conectada, quanto mais dispositivos articulados, maior o valor de uma estrutura de rede. Além disso, esse valor cresce no quadro do número de nós em articulação. O quadrado aqui tem um efeito de criar um escalonamento que é diferente do crescimento linear, mostrando que mais nós representa mais possibilidades de combinação que crescem proporcionalmente ao quadrado.

As redes geram valor. Isso é algo difícil de discordar. Geram troca de informação, geram articulação de pessoas, geram possibilidade de produção de conhecimento, geram capacidade de novos caminhos de conversa, geram muitos modos de combinação entre pessoas e dispositivos técnicos que têm servido de base para o que temos conhecido como as melhores e mais interessantes inovações que temos produzido nos últimos anos.

Isso vale e pode ser aplicado em muitos casos. Vale para projetos, para modos de articulação social, para modos de ativismo, para modos de relacionamento em geral. Geramos valor em nossas articulações. Como entendemos o que é valor, aí, vai depender do teu olhar, daquilo que lhe convoca, do que lhe chama atenção.

Valor nem sempre é $, nem sempre é poder de dominação. Qual a unidade de valor que poderíamos utilizar aqui? Reais, amigos, articulação, influência, apoio, colaboração, ajuda? Que mais?

O fato que me interessa aqui: redes geram valores e esse valor depende unicamente do contexto onde a rede opera como modo de organização da relação entre pessoas.


A lei de Reed

Já a lei de Reed diz do número possível de subgrupos que podem ser formados dentro de uma rede.  Reed, também um dos pioneiros da Internet, trabalhou na criação do TCP/IP e foi o designer do protocolo UDP.

Segundo ele, o número de subgrupos que surgem dentro de uma rede também depende do número de nós presentes na rede a uma escala que evolui exponencialmente com o número de nós: 2N − N − 1.


Pra mim, isso tem uma perspectiva bem interessante quando conseguimos observar que quanto mais gente atuando numa rede maior é a tendência dessas pessoas se organizarem em subgrupos que tenham e definam focos mais específicos de ação. Ao que tudo indica, parece esse um fenômeno bastante peculiar das redes sociais e do modo de organização que nos pautamos socialmente quando atuamos nessas redes.

Essas duas leis podem ser utilizadas de modo articulado para projetarmos análises, projetos, escalabilidade e funcionalidades em sistemas colaborativos. Estou falando de modos de fazer design de redes. Conhecer e estudar algumas das possibilidades de como as redes evoluem no tempo pode nos deixar mais atentos, mais conectados e ligados em condições de contorno que podem facilitar a conversa, facilitar o fluxo e liberar energia criativa para outros tantos meios de recombinação de imaginários.



quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Internet que queremos ou dos processos de concepção de um site


A Internet é uma rede de múltiplas camadas, de múltiplos níveis de tecnologias que dialogam entre si e criam um cenário de interoperabilidade de sistemas que permite possibilidades de comunicação e interação entre pessoas como nenhuma outra tecnologia antes sequer imaginou realizar. Ao permitir múltiplas camadas, a rede cria condições para que muitos modos de entender e produzir redes possam conviver. O comércio com suas necessidades de novas estruturas de venda e circulação de produtos, a indústria com sua necessidade de novos modos de produzir gestão ágil e descentralizada sem perder o controle de seus meios de produção, o governo com suas demandas de presença e manifestação em diversos territórios, sejam eles físicos ou imateriais, por onde sua regulação exerce efeitos e determina as regras dos jogos de convivência burocrática, os movimentos ativistas com a necessidade de divulgação de suas causas e de articulação de pessoas.

A Internet é rede de redes, é tecnologia que viabiliza circulação e dispersão de fluxos e, ao mesmo tempo, controle desses mesmos fluxos. É campo de apropriação e exercício de produzir formas de relação que façam sentido às demandas e necessidades de diferentes modos de organização social que podem ser produzidas pelas pessoas. É campo de influência, tecido de escritas de diferentes versões dos fatos, disputando espaços, colaborando em ações, dissolvendo fronteiras e produzindo limites. É massa de moldar zonas de interferência e produzir espaços que auxiliem na construção de sentidos restritos ou coletivos, sempre dependendo do olhar de quem vê e do modo como se relaciona.
Partindo dessa visão, a produção de um site, assim como seu próprio processo de concepção, é um ato de escrita, um ato de afirmação de valores que ultrapassam os limites dos dizeres técnicos e tecnicistas. A produção de um site é um evento político, entendendo por política a arte ou ciência da organização que pretende reger e regulamentar as formas de relação possíveis e imagináveis no contexto onde esse site irá operar. Por isso, ato de escrita, ato de atestação de valores, parâmetros e princípios de um grupo. Nesse caminho, a construção do site envolve necessariamente discutirmos a rede que queremos, a internet que desejamos refletir e os modos de organização que ampliem, sistematizem e facilitem as formas de relação que desejamos aqui constituir.
Sendo, portanto, o site o reflexo de um conjunto de princípios que ditam modos de fazermos redes, gostaríamos de aqui descrever esses modos e como eles têm influenciado em nosso processo de concepção do site do programa +Telecentros.

  1. A rede é espaço de encontro:
    A rede é espaço de aproximação entre pessoas, é local de encontro, é espaço onde o imaginário habita quando o contexto convoca e a presença é possível. É local onde encontrar a presença alheia amplia possibilidades de interação.
  1. A rede é espaço de conversa:
    A rede é espaço de conversação, de trocas de impressões, de compartilhamento de sentidos, de construção em andamento contínuo, do inacabado que se torna elemento de diálogo, de troca de impressões e de produção coletiva. A rede é ambiente e caminho onde as impressões se recombinam e dissolvem, entremeadas de links, pontos de contato e divergência.
  1. A rede é espaço de versões:
    A rede é espaço de diferentes visões e versões do que se encontra em produção. Como dissemos acima, é espaço do inacabado, é espaço de anotações, de retalhos de ideias e possibilidades de ideias. É local para documentar o que convoca a escrita, o que mobiliza o sentido sem a necessária preocupação de apresentar sentidos acabados. Sendo espaço de infinitas possibilidades de combinação, disponibilizar versões na rede é aumentar as chances de encontro com o outro quando um filtro de busca cria os enlaces e viabiliza novos vínculos.
  1. A rede é espaço de conflito:
    A rede é também espaço de desencontros. É espaço de explicitação de valores, de definição de campos que desejam criar marcas, que desejam dizer de limites, que desejam expressar discordâncias e mostrar que outros modos são possíveis. A rede é também máquina de articulação de opostos, de força vibratória que tensiona e distende nós de sentido.
  1. A rede chega até você:
    A rede não é feita de computadores, mas sim de pessoas. As máquinas, os protocolos e programas de computadores criam o campo de interconectividade e interoperabilidade de sistemas, permitindo que diversas tendências da indústria em termos de tecnologia e modos de produção econômica possam trocar informações e compartilharem dados. No entanto, a rede estabelece links pelos desejos das pessoas, a rede expressa em seus nós, em seus movimentos de centralidade e descentralização os modos como as pessoas se recombinam em grupos, comunidades e movimentos de expressão. A rede é articulada pelos e-mails, pelos links das redes sociais, pelos sms de telefones móveis, pelos encontros em espaços de formação, pelas vozes em seus múltiplos meios de expressão.
  1. A rede é livre:
    A rede não pode ser condicionada por nenhuma estrutura organizacional que pretenda definir seus rumos dado que ela é composta de pessoas. A hierarquia organizacional influencia a forma das redes, mas estas lhe escapam, criando novos vínculos, se apropriando de novos espaços de conversa onde sejam menos vigiadas. A hierarquia nas redes livres é nó de influência, mas não define centro e o tom dos fluxos em circulação. A hierarquia dialoga, circula e opera a partir de novas condições de conversa que se viabilizam na construção de sentido coletiva. A velha hierarquia sufoca as redes livres, eliminando o que a rede possui como condição fundamental de ser rede: as novas condições de possibilidades e combinações que sua estrutura permite.
  1. A rede é espaço político:
    A rede guia e é guiada, a rede influencia e é influenciada, a rede promove e é promovida. A rede, enquanto modo de organização de pessoas, define um campo político, define regras, condições, formas de relação que buscam viabilizar condições de relacionamento entre pessoas. A forma como a rede opera explicita suas escolhas como política relacional, o que lhe é permitido e o que lhe é negado.
Esses sete princípios definem desejos e condições que influenciam o modo como um pode ser concebido. Porém, são princípios que extrapolam os limites do próprio site, apontando para modos de produção de redes que buscam construir redes livres, abrindo brechas de expressão, espaços de conversa e novos caminhos que só podem surgir quando as regras do campo surgem da inteligência coletiva, bem ali onde a multidão forma bando e os burburinhos tecem diálogos em meio a produção de um novo modo comum. 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Análise de redes sociais e sistemas observantes: novos modos de olhar para os sistemas sociais

Fui convidado para fazer uma conversa/aula ontem a noite sobre analise de redes sociais pelo amigo e companheiro de jornada Luiz Algarra, la no curso de Design de fluxos de conversaçao que ele e Gil Giardelli estao ministrando na ESPM.

A pegada que o Algarra ta propondo no curso e´ um passeio pelos conceitos do Humberto Maturana aplicados nas relaçoes humanas no que consiste fazer redes e sua relaçao com os sistemas sociais humanos. Angustia geral, dado que vivemos tempos onde todo mundo esta buscando as ultimas tendencias nas redes sociais, as ultimas oportunidades, as ultimas tecnologias, os melhores indicadores e como surfar ondas de viralizaçao e contagio social buscando atingir "bons" resultados nas redes.

Acontece, que as coisas pensadas dessa maneira transformam as redes humanas em objetos que podem ser controlados pela melhor estrategia ou metodologia da vez. De fato, as coisas parecem nao funcionar assim, mesmo que continuemos tentando, buscando formas e modos de obter os resultados que queremos.

As organizaçoes humanas sao muito mais complexas do que nosso modo tradicional de pensar pode lidar. Elas tratam diretamente do querer das pessoas, de seus modos de ver o mundo, de suas maneiras de se colocar, de sua historia, de suas perspectivas e de suas continuas escolhas. A unica forma de encontrarmos caminho por entre esse universo de complexidade e´ conversando sobre isso, criando pontos de contato, verdadeiros pontos de um do-in atropologico, onde as pessoas possam se manifestar, se olhar, entender diferentes pontos de vista e consigam construir novas interpretaçoes e elaboraçoes daquilo que lhes incomoda, o que lhes convoca a açao e o que lhes chama atençao.

As metodologias, os mapas, os indicadores e as tecnologias em geral tem um papel importante nisso tudo, sem duvida. Sao ferramentas de trabalho, mas nao podem se tornar o foco da açao. Sao instrumentos que podemos lançar mao, vez ou outra, para facilitar aberturas de conversa, para facilitar visualizarmos aquilo que estamos construindo juntos, para dar possibilidade de fazermos um design coletivo naquilo que a partir de entao conseguimos visualizar. No entanto, muitas pessoas estao entendendo as metodologias e ferramentas como se fossem a resposta que precisam para seus problemas, gastando seu tempo e recursos tentando adapta-las ao seu contexto e tentando obter resultados que outros obtiveram, mesmo que tenham vivenciado mundos muito diferentes.

Nesse sentido, as coisas sao mais simples do que parecem. No centro, as pessoas, em torno, multiplas formas e modos de conversarmos, auxiliados por diferentes tecnicas, ferramentas e representaçoes. Escolher por entre elas depende daquilo que queremos em conjunto e, sobretudo, depende de conseguirmos conversar sobre isso.

Deixo aqui o material que preparei para o encontro de ontem, que acabei de fato nem utilizando com o pessoal. Mas, foi fundamental para abrir a conversa e construir um espaço de contato.