segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Grafos: a URI como nós, recurso e máquina virtual na rede

O uso dos grafos tá me interessando cada vez mais.
Metáfora flexível, escalável e livre para mapeamento de qualquer tipo de relação que se puder imaginar.

O ponto mais interessante dessa apresentação abaixo, é pensar que a metáfora dos grafos podem permitir vermos as URIs na web como máquinas virtuais, interconectando canais de comunicação e processamento na camada http.
Forte avanço do que um dia pensamos como paradigma p2p e computação distribuída.


6 princípios de organização das redes complexas

Princípios de organização das redes complexas:


  1. scale-free: many small nodes held together by a few hubs;
  2. small-world: short paths between any two nodes;
  3. evolution: hubs emerge through growth and preferential attachment;
  4. competition: nodes with high fitness become hubs
  5. robustness: resilience against random errors, fragility to attacks;
  6. communities: groups form a hierarchical structure.
 Direto da Royal Society Web Science.

 Tá, e aí? Sem dúvida, são formas, ferramentas e técnicas de caracterizar sistemas.

 O mais interessante são as pistas que essas ferramentas fornecem para entender onde podemos intervir, criam uma linguagem minimamente comum para podermos conversar sobre o que ocorre e explicitam dimensões da interatividade humana que ultrapassam nossa capacidade de previsão e controle.

E como lidar com isso?
E o que isso tem a ver com nosso tipo de ação?
E o que isso tem a ver com a maneira como podemos intervir nas organizações que não nos interessam?

sábado, 15 de janeiro de 2011

Estruturando 2 anos de trabalho: montando o índice da tese de doutorado

Ufa....
Dois anos lendo, pesquisando, coletando informação, indo em bibliotecas, pesquisando na web, lendo, lendo, lendo, lendo....

Acima de tudo, divertido demais! Organizar toda essa documentação (mais de 110 títulos entre artigos e livros), montando uma estrutura de índice da tese é o guia inicial para começar a escrever o trabalho.

Segue aqui o resultado dessa primeira levada:


Objetivo da tese
Demonstrar que a arquitetura de uma biblioteca digital federada proposta pelo protocolo OAI-PMH, a partir da possibilidade de agregação da produção científica de um campo do conhecimento, pode ser utilizada para caracterização de padrões de organização e colaboração do campo das Ciências da Comunicação através da aplicação da metodologia de análise de redes sociais.

  1. Introdução
    1. Organização da comunidade científica em rede
      1. A crise do modelo clássico de comunicação científica
      2. Novo modelo das publicações eletrônicas
      3. Movimento OA e OAI
        1. Novos serviços e análises
    2. Como estudar as novas formas de organização da comunidade científica?
      1. Proposta dos 3 aspectos de caracterização
        1. Aspectos sociais: colaboração na produção científica
        2. Aspectos informacionais: arquitetura do OAI-PMH
          1. O problema das bases de dados de relações
        3. Aspectos metodológicos: análise de redes sociais
          1. Formas de pensar as redes: identidade social e fluxos de informação
    3. Portal Univerciencia.org: portal da produção científica em Ciências da Comunicação
  2. Colaboração na produção científica
    1. Interação na ciência
    2. Colaboração e estruturas de participação
    3. Conceito de autoria e co-autoria
    4. Caracterizando colaboração na produção científica
      1. Fluxos de comunicação científica
      2. Níveis de colaboração: inter e intra
      3. Motivações para colaboração científica
      4. Tendências da autoria individual para autoria coletiva
      5. Estruturas de participação na produção científica
      6. O papel da produção cinzenta: teses e dissertações
      7. A colaboração como um sistema: emergência e auto-organização
    5. Metodologias de análise da colaboração científica
      1. Mapas da colaboração
        1. Mapas de citação
        2. Mapas por temas emergentes
        3. Mapas de co-autoria
        4. O papel da metodologia de redes sociais nos estudos de colaboração científica
      2. Indicadores de colaboração
        1. Indicadores estatísticos
        2. Indicadores relacionais
  3. Análise de redes sociais: estrutura e dinâmica das redes
    1. As redes como conceito operador-metodológico
    2. A análise de redes sociais e a Ciência da Informação
    3. Princípios gerais para o estudo das Redes Sociais: paradigma de pesquisa
    4. A estrutura e a dinâmica das redes
      1. Metodologias de análise de redes sociais
      2. Análise estrutural
        1. A estrutura como representação das interações
        2. Grafos como possibilidade de modelagem
        3. Análise de padrões estruturais
        4. Indicadores estruturais
      3. Análise dinâmica
        1. Dinâmica humana e sistemas complexos
          1. A importância das distribuições de probabilidade
        2. Complexidade de sistemas como possibilidade de modelagem
        3. Análise de padrões dinâmicos
        4. Indicadores dinâmicos
    5. Dados para análise de redes sociais
      1. Obstáculos para análise de redes sociais
      2. O papel das bases de dados
      3. Normalização dos dados
    6. Caracterização das redes de colaboração na produção científica
  4. Movimento OAI (Open Archives Initiative) e arquitetura do protocolo OAI-PMH
    1. Contexto do movimento OAI
      1. História e princípios
      2. Importância do OAI na produção científica
      3. OAI como modelo de comunicação
        1. Arquitetura de agregação de metadados
    2. Federação de Bibliotecas Digitais
      1. Caracterização das Bibliotecas Digitais
      2. Ambientes federados de informação
      3. Provedores de dados
      4. Provedores de serviços
        1. Possibilidades da agregação de metadados
    3. Protocolo OAI-PMH
      1. Arquitetura do protocolo
        1. Papel do HTTP
        2. Papel do XML
        3. Papel do DublinCore
    4. Metadados
      1. Qualidade dos metadados
      2. Taxonomia dos tipos de erros
      3. Normalização e ampliação
    5. OAI e estudos de colaboração na produção científica
  5. Metodologia
    1. Estrutura da metodologia
      1. Obtenção dos dados
      2. Normalização dos dados
      3. Definição da unidade de objeto de estudo
      4. Seleção de indicadores de análise
      5. Cálculos de similaridade entre as unidades
      6. Reordenação das unidades para identificação de clusters
      7. Visualização gráfica para análise e interpretação

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Dinâmica das redes sociais: Telecentros.BR

Experimentando uma camada de leitura das Redes no Telecentros.BR:

Dinâmica humana, padrões e variáveis aleatórias: novos métodos para velhas buscas

A busca pela percepção da recorrência de ações e a produção de uma forma de explicar essa recorrência que permita conversarmos sobre ela, reproduzirmos, experimentarmos, encontrarmos outras formas é a base do pensamento científico, seja ele de que "ciência" for.

Sem dúvida, o uso das recorrências pode ser tanto no sentido de aprendermos a nos planejar melhor no compartilhamento de recursos, no uso de bens escassos, bem como na maneira como interagimos em relação a determinados assuntos. O mesmo vale para a tentativa de controle, de manipulação e exercício do poder sobre a pretensa falta de informação daquele a quem pretendemos controlar.

A histórias dos padrões e das recorrências é tão antiga quanto a própria linguagem humana e pode ser rastreada até os limites dos primeiros registros da história escrita. Recursos como astrologia, eneagrama, numerologia podem também ser compreendidas dessa forma.

Os métodos de física-estatística, de processos estocásticos, de dinâmica e complexidade de sistemas têm sido intensamente utilizados nos últimos 10 anos para se encontrar recorrências, padrões e possibilidades mais amplas de compreensão como interagimos como sistemas humanos.

A diferença é que agora temos cada vez mais a nossa disposição bases de dados que registram interações humanas: blogs, artigos em co-autoria, listas de email, fóruns, chats, logs de sistemas, logs de servidores de internet, etc...

Estudar isso tem sido meu foco nos últimos anos e vem ficando cada vez mais interessante, conforme algumas ferramentas vão ficando mais simples, cada vez mais dados organizados para trabalhar, cada vez mais possibilidades de encontrar recorrências que acabam por me dar pistas de como ler o próprio trabalho que venho desenvolvendo com as pessoas/equipes com quem tenho trabalhado.

Exemplo interessante do projeto Telecentros.BR. Pegamos o log de acessos do Moodle do primeiro curso de tutores que realizamos do meio de novembro até final de dezembro de 2010. Mais de 40.000 linhas de log, com vários dados brutos que podem ser correlacionados até o limite da criatividade humana.

A pergunta que me fiz essa manhã, vindo para o laboratório era: Como será que eles se organizam em termos de horários de acesso ao ambiente? Será que fazem isso apenas em horário "comercial", será que invadem madrugada? Será que os tutores fazem isso durante o momento em que estão navegando na web, fazendo outras coisas? Que tipo de pistas de como podemos interagir com eles essa informação poderia me dar?

Bem, pego o log de dados. Brinca daqui, transforma horários picados em horas cheias, encontra agregação de faixas de horário, manipula daqui, joga pra lá e brota algo que me mostra como mais de 100 tutores se organizaram em termos de horários de acesso/interação no Moodle ao longo de um mês e meio.



Algumas surpresas pra mim:
  • os caras vão bem além do tal horário comercial. As 01:00h tem o mesmo que as 11:00h da manhã ao longo de um mês e meio de acessos;
  • a manhã começa em torno das 10:00, tem queda no horário do almoço e o pico de acessos ocorre em torno das 17:00;
  • o pico não indica queda, mas sim um pequeno recesso para uma nova leva de acessos que atinge um novo pico as 21:00h;
  • muitos tutores devem ter computador e banda larga em casa, para poderem se organizar em horários que ultrapassam funcionamento de telecentros e postos públicos de acesso.
Algumas pistas interessantes de como podemos nos organizar, preparar atividades e propor ações que possam acoplar da melhor forma possível com essa distribuição.

Novas perguntas:
  • como será a distribuição das outras turmas de tutores em outros estados?
  • como será com os monitores?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Metadesign e tecnologias como domínios relacionais

Arquiteturas de participação, design colaborativo, estruturas de relação, enfim, vários termos que tenho lido e pesquisado em relação a um tema que me chama e convida a atenção já faz algum tempo.

A percepção que venho tendo, baseada em uma série de experiências pessoais, profissionais e reflexões durante uma série de experimentos em projetos é que as tecnologias, a Internet, os processos de formação, as maneiras de se pensar e construir redes ajudam, mas ainda não tocam no ponto X que sinto que precisa ser tocado. 

Obviamente, to falando aqui de algo que me encanta, que me convida a agir: como pensar em processos que possibilitem ampliação da autonomia, da capacidade de auto-análise e reflexão, processos que posicionem as questões centrais de seu modo de operação em como nos produzimos sujeitos mais livres, com maiores possibilidades de nos constituirmos como bem quisermos.

Como trabalhar isso? Como posicionar uma ação, um projeto de modo a abordar essas questões? Como construir estratégias de interação que sirvam como ativadoras desse tipo de questão?

No universo em que vivo, onde Internet, inclusão digital, redes sociais, apropriação de tecnologia, software livre e tantos outros conceitos, aparentemente deveria ser mais fácil encontrar meios de abordar isso.

Mas, nada é trivial nessa questão. E, na real, muita confusão surge misturado com todos esses conceitos e não é à toa. A maioria dos projetos e ações usa conceitos interessantes, aparentemente libertadores, mas enfocam maneiras de pensar, de agir que apenas se propõe a replicar a lógica de um mercado, focando em demandas de consumo, replicação de padrões econômicos, administrativos e políticos que apenas visam manter a lógica de disseminação e proliferação do capital intactas.

Nenhum problema em manter as relações do capital, mas a questão que me interessa é como ampliar as possibilidades de relacionamento entre nós, para além de uma relação mediada pela grana e pela lógica de competição (chame como quiser, reputação, branding, meritocracia, etc) em que objetiva acumular mais grana.


Humberto Maturana, o biólogo chileno, deu algumas excelentes dicas de como olhar para essas questões a partir de sua maneira de pensar a biologia, o que nos constitui humanos e como podemos pensar novas maneiras de entender tecnologia e processos de design de tecnologia.

Chamo a atenção para 3 distinções importantes, que podem mudar muita coisa em nosso fazer cotidiano:
  1. tecnologias podem ser vistas como domínios operacionais, por onde projetamos e podemos executar uma série de processos organizados de forma coerente com algum tipo de visão. Podem ser vistas como meios de nos relacionarmos, como propostas de domínios de relação entre nós, humanos;
  2. a forma como nos relacionamos envolve o entrelaçamento entre nossas emoções e a forma como nos expressamos pela linguagem. A razão surge como derivação disso, sendo que ela é constantemente modulada pelas nossas emoções. Usamos argumentos lógicos como uma forma de justificarmos, muitas das vezes, esse tipo específico de entrelaçamento que ocorre em nosso viver cotidiano;
  3. a cultura é conservada e se manifesta como produto de nossas redes de conversações, através de processos educacionais conservados ao longo de gerações. 
Aqui surge o ponto-chave de Matuana:

Se as redes de conversação são pautadas pelas nossas emoções, o uso de novas tecnologias, de novos programas de formação, de novas propostas de relação não tocará o ponto que precisa tocar, ou seja, não terá condições de atuar efetivamente como um processo profundo de transformação da cultura se não tocar as nossas emoções.

E tocar as emoções, ampliar nosso potencial de olhar para elas e perceber como se constituem em nosso viver é um ponto fundamental da própria construção de autonomia.

Sem dúvida, é possível fazer isso em processos de metadesign que se proponham a tocar esses pontos, que se propanham sobretudo a:
  1. desenhar os domínios relacionais em que iremos operar;
  2. permitir a discussão sobre aquilo que queremos conservar como grupo e aquilo que estamos prontos para abrirmos;
  3. usarmos a rede como espaço de interação e reflexão contínua sobre a coerência de nossas operações, sobre espaço de validação coletiva e, sobretudo, como espaço que reflita, em suas coerências operacionais, a maneira como nos colocamos em relação.
Se isso será mais ou menos produtivo, não creio que seja a questão.
Se isso poderá ser avaliado com as métricas que regulam competição e acúmulo de capital, acho pouco provável.

Se isso poderá criar ambientes mais interessantes, mais saudáveis, mais flexíveis, aí sim, tenho cá comigo que o trem segue nessa direção.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sobre os ciclos da economia, equilíbrio, caos e ordem

Uma das boas perspectivas de uma rede é sustentar um constante desequilíbrio no sistema. Visão interessante e ponto de vista a dar uma sacudida naquilo que tem muita gente buscando por aí: as redes não vieram para estabilizar relações, vieram apenas explicitando as oscilações e impermanências do nosso fazer.

Via kk.org:

"Innovation is disruption; constant innovation is perpetual disruption. This seems to be the goal of a well-made network: to sustain a perpetual disequilibrium. A few economists studying the new economy (among them Paul Romer and Brian Arthur) have come to similar conclusions. Their work suggests that robust growth sustains itself by poising on the edge of constant chaos. "If I have had a constant purpose it is to show that transformation, change, and messiness are natural in the economy," writes Arthur.

The difference between chaos and the edge of chaos is subtle. Apple Computer, in its attempt to seek persistent disequilibrium and stay innovative, may have tottered too far off-balance and let itself unravel toward extinction. Or, if its luck holds, it may discover a new mountain to ascend after a near-death experience."

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Bilhões de dados e um padrão

Fala de Nicholas King, secretário-executivo do Mecanismo Global de Informação em Biodiversidade em nota no site da Fapesp:

"Agência FAPESP – Quais são os principais desafios relacionados ao compartilhamento de dados sobre biodiversidade?
Nicholas King – Há um certo número de desafios para se compartilhar informações e conseguir uma interoperabilidade entre os bancos de dados. Eu diria que eles estão concentrados em três vertentes fundamentais da noção de compartilhamento: os dados propriamente ditos, o sistema e as pessoas. Todos são necessários, mas nenhum é suficiente.

Agência FAPESP – Quais são as dificuldades relacionadas aos dados?
King – Há conjuntos de dados ao redor de todo o mundo, com características muito distintas entre eles. O único ponto em comum é que nunca são captados com a intenção de serem compartilhados. Por isso, são capturados com diferentes formatos e técnicas. Muitas vezes em diferentes línguas. São obtidos, por vezes, sob diferentes sistemas de gerenciamento. Variam também os sistemas métricos – os registros podem ser feitos em polegadas e pés ou no sistema métrico decimal. Há também sistemas de georreferenciamento muito distintos. A linguagem muda, com diferentes nomes usados para diferentes lugares – eventualmente até mesmo nomes distintos para um mesmo país. Não podemos apenas pegar esses dados, colocá-los juntos e operá-los. Eles são totalmente incompatíveis. Eles simplesmente não se combinam.

 É a tal da tríade se manifestando mais uma vez, agora de outra forma.
Concordo totalmente e a ideia do que temos feito nos últimos anos, pesquisando sobre ativação de redes, metadados e processos de promoção de colaboração em rede tem a ver com isso, sem dúvida.

Acredito, cada vez, que propostas de projetos que considerem apenas um ou dois dos aspectos acima tem grandes chances de darem errado na vertente em que acabam deixando passar. Fundamental considerarmos em nossos processos de metadesign, de arranjos organizacionais de projetos, de pesquisas, de militância e ativismo essas 3 perspectivas:

  1. os dados: sem possibilidade de interoperabilidade, sem dados abertos, indexáveis de forma pública, o que criarmos é como uma espécie de caixa-preta. Estamos desenvolvendo silos de informação em várias áreas, impedindo em termos técnicos possibilidades de remixagem, geração de novas possibilidades de agregação, produzindo novas camadas operativas de visualização e produção de sentido do que estamos fazendo. Para isso, padrões de metadados, arquitetura pública de conteúdos (URIs), namespaces, transformações em XMLSchemas, enfim, são coisas fundamentais.
  2. os sistemas: sistemas de informação que suportem essa maneira de utilizarmos os dados e permitam ampla flexibilidade para desenhos e propostas de arquiteturas múltiplas de participação são fundamentais.
  3. as pessoas: as formas que se apropriam, as formas que constroem e promovem espaços coletivos de tomada de decisão, de interação são fundamentais. Apesar de parecer óbvio, não são questões nada triviais. Como tocar reuniões? Como construir acordos? Como documentar processos? Como tornar isso público? São muitas questões em aberto, com n possibilidades de soluções que só fazem sentido quando construídas pelo próprio grupo em questão. Mas, conhecer ofertas e atuar a partir delas é, sem dúvida, um bom avanço nas melhores práticas que podemos descobrir aí.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Notas do Imaginante

Revendo os RSSs atrasados do meu reader, me deparei com isso aqui nos posts do blog do MetaReciclagem.

Po, saudade da boa. Bonito de ver. Mexeu por aqui. Segue na íntegra, direto do blog do Meta:

"Você me pediu para te contar sobre o imaginante, eu vim aqui para te falar um pouco do que vivi....

Os fenômenos dançam.
O que tu chama de verdade, da tua identidade,
Para o imaginante é apenas o ponto zero da rede.
O lugar de onde ele produz as formas, as estruturas,
As oscilações e ondas que fazem teu mundo parecer sólido.
Você me pediu para te contar o que é um imaginante
E não consegui fazer isso de outra forma
A não ser tentando te mostrar porque você ainda não consegue ver.
O espaço informacional é por onde o imaginante caminha
E há um lugar e uma maneira de chegar a esse lugar
Que permite ao imaginante se reconhecer como tal.
Não é um lugar fácil de construir ou chegar
Nem tampouco pode ser comprado, imposto, forçado, mediado...
Ou exigido com base em algum reconhecimento que você ache que mereça ter.
O espaço da imaginante é o espaço de onde nascem as formas
De onde brotam os conceitos, novas palavras, definições, expressões,
E maneiras de se reinventar por entre margens e contornos do teu mundo.
O espaço do imaginante não é um espaço de poder
Não é um espaço de controle
Não é um espaço que pode ser conquistado
O espaço do imaginante é o espaço da pura possibilidade.
O teu dinheiro, a tua posição, as tuas conquistas
E a maneira que você se liga a elas, tentando preservá-las
Te impedem de entrar na rede do imaginante
Ele simplesmente faz escorrer por entre os teus dedos
Todo o poder que você acha que tem
Na tua íntima frustração de não entender e acessar o que o imaginante te parece ser.
O imaginante produz novas formas de conversar
Produz o espaço da possibilidade de encontro das pessoas
Dissolve certezas, se espalha por entre ideias,
Conecta opostos, deixa a mente livre para flutuar
Deixando poucas brechas de retorno para o que quer que seja.
O imaginante produz sua condição de liberdade
Mas você ainda não vai entender isso
Porque para ver a liberdade do imaginante
Você precisa conseguir acessar a pele esticada do seu tambor
Quando o timbre começa a soar
O fogo acende
A roda se forma
E os fenômenos apenas dançam na sua frente.
Você ainda não consegue acessar esse olhar
E fica se perguntando o porque.
Para isso, você precisa perder alguns dos teus maiores medos, medo de perder tua posição, sua sala, seu nome, sua reputação.
Precisa entrar no meio da multidão
Sentir seu cheiro, comer sua comida
Domir sua cama
Soltas suas tantas certezas
E se dispor a sentar junto
Pensar junto, olhar junto, se comprometer com o desafio
E ficar junto até resolvê-lo. Teu tempo é outro.
Se você não tiver medo,
Eu te garanto,
Em algum momento você vai descobrir esse olhar que brota liberdade
Num momento, o imaginante te reconhece
O espaço dele se abre
E talvez, você consiga entender onde está aquilo que tanto procura.
Mas, você não pode comprar isso.
Suas conversas sobre rede, colaboração, inovação e micro-empreendedorismo estão longe de tocar o espaço do imaginante
Ele para tudo isso e sorri da sua tentativa ingênua de manter seu controle, seu poder, sua reputação
Enquanto tenta, vestido da sua máscara de libertário, comprar seu espaço privilegiado em meio a multidão.
Não, você não vai conseguir
Sei que vai doer, mas só tem um jeito
Você vai ter de se despir
Entender o que significa o vamo que vamo
Perceber que não é um método
É puro movimento da produção da própria liberdade.
Você vai tentar, mas não vai conseguir comprar o imaginante
Você pode achar que conseguiu
Mas, dentro dele, há um espaço que você não consegue chegar, não consegue ver.
O código de metareciclar a produção de si do imaginante não é um conceito ou posição,
Apenas uma forma de viver que se é vivendo."