quinta-feira, 24 de junho de 2010

Café TelecentrosBR: como foi, o que rolou e o que ficou

Começar a ativar uma rede é um processo tão único e singular quanto qualquer tipo de relação que possamos ter. Nunca é da mesma forma e sempre somos surpreendidos com nossas expectativas e visões sobre o que poderia acontecer.

Como venho relatando aqui já a alguns dias, estamos participando do programa TelecentrosBR como Polo Nacional da Rede de Formação.
O projeto é muito interessante em muitos níveis, mas sobretudo, ressalto alguns pontos que me chamam atenção:
  • o momento histórico em que nos encontramos e que se encontra muitas das ações de militância que criaram o conceito de inclusão digital e hoje refletem sobre seus 10 anos de práticas;
  • a abertura do projeto para a formação de uma rede que envolve polos regionais, monitores, programas, etc. que possa compor o programa de formação;
  • as ações descentralizadas e, ao mesmo, alinhadas em processos de ativação de redes que podem orientar os pontos e temas relevantes dessa conversa;
  • a visão e experiência que a gente vem acumulando a um tempo, sobre como pensar, agir, documentar e articular as partir dos projetos em que temos nos envolvido: Acessa SP, Acessa Escola, Humaniza SUS, Tecendo Redes, etc, etc, etc...
Conseguimos um bom espaço na 9ª Oficina de Inclusão Digital para algumas atividades, e dentre elas, resolvemos aproveitar o segundo dia de oficina para montar um Café TelecentrosBR com monitores, coordenadores de projetos, participantes e membros do programa TelecentrosBR.

Aproximadamente 60 pessoas participaram do papo, que contou com um público bem diversificado e que teve uma boa oportunidade para conversar e sair da dinâmica tradicional de ouvir especialistas e palestrantes sobre temas diversos.


 A dinâmica que montamos foi bem semelhante que a utilizamos para a ativação da Rede Humaniza SUS, em 2008.  Montamos um café com duas perguntas e um aquário para fechamento e debate final. O blog da Oficina documentou aqui o encontro.

As perguntas foram:
  • Quais são os temas que você considera mais relevantes para a formação dos monitores dos Telecentros?
              Veja aqui a digitalização das respostas dos participantes.               
              Segue abaixo a nuvem de tags das principais palavras mencionadas:


  • Como você considera que um Telecentro deu certo?
           Veja aqui a digitalização das respostas dos participantes.               

           Segue abaixo a nuvem de tags das principais palavras mencionadas:
 Os próximos passos agora são:

  • estudar esse material e construir um relatório que dê conta de agrupar por temas as sugestões;
  • entregar esse relatório de volta a todos os participantes do Café;
  • utilizar esse material para os Seminários da rede de formação que devem acontecer em Agosto.
 O mais interessante desse processo é que já começamos a construir a pauta da formação dos Telecentros.BT em rede. Na conversação, no encontro e no afeto que multiplica visões uma rede é ativada, uma conversa emerge e um programa surge.

É um jeito de fazer, um modo de conversar, uma maneira de pensar a rede.
A pergunta é a rede e a resposta é a rede.

E vamo em frente que tá bonito de ver essa construção.

Quem faz o movimento não é o líder

Confesso que é um pouco assustador, mas representa muito de como funciona o hype.
Vale ver, refletir, refletir, refletir, refletir....

Lançamento do livro "Linkania: uma teoria de Redes"

Bonito de ver!!!!
Nos vemos por lá!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Falando da mesa "Formação de Monitores e Gestores de Telecentro" - 9ª Oficina de ID

GESAC - Elias
Além do monitor, a comunidade
Privilegiam entidades que têm pontos de acesso, mas nenhuma iniciativa em formação de TICs;
Se um ponto passa a ter formação, deixa de fazer parte da rede Gesac de formação;
A formação é um projeto de pesquisa.
Os conteúdos são produzidos no CEFET-RJ. São hospedados em Campos, no RJ;
Há 12 institutos que são formadores: CEFETs;
São compostos por professores e alunos-tutores;
Cada Estado terá um promotor de Inclusão Digital para identificação de oportunidades locais;
Para receber a formação, o monitor oferece como contrapartida a capacitação de 3 representantes da sociedade civil.
O multiplicador é selecionado a partir de entidades da sociedade civil.
O aluno-tutor é responsável por durante 1 ano dar assistência remota ao monitor de um Telecentro;
O promotor faz a ligação da comunidade com a instituição de ensino.
Pesquisa que será feita em paralelo a formação.
Blog: gesac.wordpress.com

Programando Futuro - Vilmar
Diversidade no Brasil -> diversidade de experiências nos 10 anos de programas de Inclusão Digital
Contando experiências de ações de formação em escolas, telecentros e postos de acesso.
Experiências com Estações Digitais do Banco do Brasil -> autonomia nos locais dos processos de formação;
Como seriam programas em que usuários de terceira idade usam o telecentro? A busca não é na formação profissional;
Qual é o projeto pedagógico que vão seguir nas comunidades?
O modelo de equipamento tem a ver com a necessidade de consumo de energia de cada espaço?
Iniciativas: formação presencial, a distância, periódicos, encontros e articulação em rede. A articulação surge como? Como se propaga? O que podemos fazer para facilitar isso?
Nos telecentros BR, pensamos: formação a distância, multiplicação de conhecimentos, oficinas de inclusão digital e articulação regional.
Precisamos lidar com a rotatividade dos monitores nos Telecentros -> isso precisa ser incluído nas estratégias de formação. Como lidamos com isso?
Quando o monitor passa pela formação e sai do Telecentro, isso poderia ser visto como algo bom: ele leva a formação para a sua vida.
Respeito as características locais: conteúdo, identidade visual e articulação local.

Escola do Futuro - Drica
Ressalta a capacidade de escutar do Ministério e do Governo;
Fala da formação do grupo como pluralidade de visões, do múltiplo na sua origem: Acessa SP, Metareciclagem, Cultura Digital, Humaniza SUS;
A dificuldade e a complexidade do programa de formação: 18.270 monitores serã formados em 18 meses;
A escolha do monitor, o perfil e o processo de escolha são fundamentais. O monitor é praticamente um ativista local. Ressalta a sensibilidade do monitor para lidar com o telecentro e suas relações.
Fundamental segurarmos nossa ansiedade do resultado, da produção do conteúdo na ponta. O processo se faz ao longo do tempo;
O processo é fino, caso-a-caso, cuidadoso, dar luz ao que existe.
Um dos nossos desafios é fazer com o que já existe entre numa rede de potência.
Ferramentas simples fazem a diferença: a conversa não está ligada a complexidade das ferramentas. O afeto não surge apenas na conversa: a leitura é fundamental.
Nossa estratégia pedagógica é construir o caminho de apropriação:
-> dar luz ao que existe
-> sair do discurso da falta
Hoje temos recursos computacionais para conseguir mapear o que já existe. Há 10 anos atrás isso não existia.
Acolhimento em rede não tem preço: ser acolhido pelo tutor, pelo coordenador é um passo. Mas, ser acolhido pela rede é de uma outra ordem.
A potência da rede é o caminho de construção da formação;
A continuidade do programa se baseia em sua capacidade de sustentar e demonstrar a que veio: indicadores, ponline são caminhos para darmos visibilidade e criar estratégias de sustentabilidade do programa ao longo do tempo.
Drica mostra a nuvem de tags da Carta da Oficina de Inclusão de 2003 e a nuvem do Manual da Rede de Formação.
Como caminhou nossa discussão a respeito do que estamos fazendo?

Carta da Oficina de Inclusão Digital - 2003

Manual da Rede de Formação dos Telecentros.BR:

terça-feira, 22 de junho de 2010

Rede de Formação de Monitores e Conversações na Oficina de Inclusão Digital

Amanhã a tarde, começamos a ativar os parceiros que estarão pensando na Rede de Formação do programa Telecentros.BR.

Conseguimos um espaço no evento e nos organizamos aqui para fazer um Café e um Aquário. Momento bem interessante e potencializador de conversas. Estarão presentes as 67 iniciativas que vão operar os telecentros, além dos polos regionais e nacional.

A ideia por aqui é iniciar uma conversa. Abrir um papo mais genérico que vai encaminhar para uma conversa mais focada com os grupos que irão construir a formação no seminário em julho.

Aquecendo conversas e articulações na aposta da potência da rede.
Um bom jeito de começar.

Segue aqui o roteiro do nosso papo na oficina:


Debate Lixo Eletrônico - 9ª Oficina de Inclusão Digital

Hoje pela manhã rolou o debate sobre Lixo Eletrônico aqui na 9ª Oficina de Inclusão Digital.

Montamos essa apresentação com alguns pontos que queria destacar:
  • a importância da inclusão do tema lixo eletrônico nas formações e no planejamento de programas de inclusão digital;
  • o nosso posicionamento como política pública em rede, ou seja, como espaço de agenciamento de ações, de conversas e mapeamento de iniciativas via LixoEletronico.org;
  • a possibilidade de conectarmos Telecentros com espaços de Coleta e Reciclagem, para incentivar processos de apropriação de tecnologia, formação e articulação em rede.
O debate começou com o Mauro, do CEDIR, apresentando as iniciativas que a USP tem desenvolvido em São Paulo.
Depois apresentamos nosso papo.

As conversas giraram em torno de referências de informação, material de apoio e como apoiar iniciativas de estudo e formação na área.

Sem dúvida, o tema pareceu abrir uma conversa para muita gente.
Outros, em busca de soluções para seus telecentros e postos de acesso.
Pouco nível de articulação, mas uma vontade de encontrar caminhos para isso.

O lixoeletronico.org surge como espaço exatamente para buscar organizar informação e fomentar redes em torno disso.

Uma analista do Ministério do meio Ambiente se apresentou dizendo que não concordava com o estudo da ONU sobre o Brasil. A convidei para escrever no site e contar a história do Ministério dessa conversa. Estranhamente, ela não ficou para o final da conversa.

O mais importante do que foi conversado e que creio que podemos ter um avanço interessante a curto prazo é incluir o tema nos programas de formação dos projetos, além de começarmos a realizar alguns experimentos de conexão de Telecentros com espaços de apropriação de tecnologia para além do acesso básico.

E segue o trem...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Apresentação LixoEletronico.org na 9ª Oficina de Inclusão Digital

Falando de pragmáticos, linguagem e conversações

Acabei de ler no final de semana o Contingência, Ironia e Solidariedade do Richard Rorty, por indicação da Drica.

Entre muitos trechos bons, de um pensamento suave, direto e muito útil para reflexão, separei um que acho que dá um pouco o tom do texto e de como ele articula sua filosofia:

"A única coisa que importa é que, quando se acredita nela, pode-se enunciá-la sem sair machucado. Em outras palavras, o que importa é nossa capacidade de falar com outras pessoas sobre o que nos parece verdade, e não sobre o que de fato é verdade. Se cuidarmos da liberdade, a verdade poderá cuidar de si mesma. Se formos suficientemente irônicos sobre nossos vocabulários finais e suficientemente curiosos sobre o de todas as outras pessoas, não precisaremos ter a preocupação de saber se estamos em contato direto com a realidade moral, se fomos cegados pela ideologia, ou se estamos sendo debilmente relavistas."

 Forte. Bom. Direto. Muito útil.

 A pergunta que me fiz foi: Como podemos trabalhar os dispositivos de visualização em estratégias de conversação que possam aguçar essa curiosidade sobre o vocabulário final de cada pessoa, cada organização, cada rede? Tem um caminho aqui...

9ª Oficina de Inclusão Digital, TelecentrosBR e WebLab

O projeto TelecentrosBR  tá começando a decolar e estamos aquecendo conversas, visões e possibilidades a partir da 9ª Oficina de Inclusão Digital.


Os ânimos e as possibilidades que estamos visualizando são bem interessantes:

  • conhecer melhor as iniciativas que irão tocar os telecentros na ponta;
  • ouvir ideias, opiniões e como essas iniciativas estão pensando suas ações de gestão/formação dos telecentros;
  • ampliar a conversa sobre a ecologia de ações no programa, integração web e circulação da informação.

 a programação inteira da oficina tá aqui: http://oficina.inclusaodigital.gov.br/files/2010/Grade_9OficinaID.pdf

 nós temos 3 espaços que nos forem oficialmente reservados:

  •  dia 22 (terça-feira) 11h - 12:45h - Sala 1:  Debate Lixo Eletrônico. Eu estarei na mesa. Estou trabalhando numa apresentação para essa conversa. A idéia de ocupar esse espaço é discutir o que o Lixo Eletrônico tem a ver com um programa de Inclusão Digital, como isso poderia impactar nos Telecentros.BR, nos CRCs e em nossa visão de formação, capacitação, etc.
  • dia 23 (quarta-feira) 11h - 12:45h - Auditório - Formação de Monitores e Gestores de Telecentros: que agentes de inclusão digital queremos? Drica estará nessa mesa. Acho que o próprio tema se define bem e creio que temos contribuições valiosas para fazer e nos posicionar nesse momento.
  • dia 23 (quarta-feira) 14:20 - 16:45 e 17-19h - Tenda: Rede de Formação - Telecentros.BR - Temos esse espaço reservado para um encontro de todos os participantes/interessados na Rede de Formação. Os pessoal do Ministério alocou esse espaço e creio que podemos ocupá-lo de uma maneira interessante. Minha proposta aqui seria ver a infra do espaço e dos materiais que podemos ter a disposição. A ideia é montarmos um Café Rede de Formação, com uma discussão bem introdutória e uma tomada de visão geral sobre o tema. Uma plenária no final para discutirmos as principais ideiais que apareceram. 
e segue o trem!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ecologia Web e apropriação em rede: refletindo sobre Juventude SP

Desde janeiro que estou trabalhando mais direto com o projeto da Juventude SP aqui no laboratório. Depois de um ano atuando de forma mais operacional no projeto do Acessa Escola, voltar a refletir mais focado em Internet, em como potencializar espaços para circulação da informação e aproximar uma visão de divulgação e integração de políticas públicas em espaços de conversação em rede me pareceu um bom campo de aprendizado.

Em várias conversas com Hernani e Drica, a nossa forma de atuação nesse projeto, a maneira de atuar na rede e trabalhar a visão de Internet dentro da esfera pública no contexto desse projeto. A potência da rede se faz perceptível para quem a ajuda a construir, para quem faz parte de seus fluxos, nuances, sentidos, contextos e dissolvências. Criar chão próprio, introduzir essa visão da rede e passar a refletir a partir dela nem sempre á algo tão simples ou fácil de fazer. Desenvolver corpo e linguagem para isso, ao mesmo tempo em que vamos atuando de uma maneira a criar convergência da política pelo uso de uma nova linguagem é uma forma interessante de intervenção, pois nos produzimos diferentes ao conseguirmos nos descrever de maneiras diferentes.

Começamos a utilizar de novos dispostivos de análise e mapeamento das bordas que o site da Juventude se inseria. Fui documentando na tag juventudesp alguns descobertas e análises enquanto ia refletindo sobre isso. Mapear a complexidade e alargar um pouco mais as bordas do nosso olhar revela fatos interessantes sobre como nós mesmos nos organizamos e criamos espaços na Internet que refletem essa organização. A rede ajuda a ver isso e, no contexto de um projeto de política pública, permite ampliar a visão das relações de como a informação é construída e apropriada. Sem dúvida, me parece um campo de aprendizado infinito. Aprender sobre isso e descobrir novas ferramentas que favoreçam a rede a refletir sobre si mesma, é um caminho sedutor de pesquisa pelo qual vou me enveredando. Boas pistas se encontram na filosofia da linguagem, nos pragmáticos, na visão sistêmica de retroalimentação, mas isso já é outra conversa...

Montamos a apresentação abaixo para dar um pouco mais de contexto de como o projeto tem se desenvolvido.



Um ponto que foi interessante de trabalhar e ver o seu desenvolvimento ao longo dos meses foi o que sistematizamos abaixo como a Ecologia Web do projeto:


Algumas premissas foram importantes e que nos levaram a essa ecologia:
  • o objetivo do projeto é integrar e divulgar políticas públicas de várias secretarias que sejam direcionadas para o jovem, tornando mais fácil o acesso desse jovem ao que está disperso e de difícil acesso no site de várias secretarias;
  • só esperar que o jovem venha acessar o portal é não considerar os espaços onde ele está;
  • divulgar informação relevante é uma questão de foco e não uma questão de massificação do acesso: mapeamos mais de 1000 comunidades no Orkut que tenham interesse declarado em seu perfil nos temas que são os canais do portal (Divirta-se, Estude, Trabalhe, Viva com saúde e Faça Política);
  • não somos o admin do portal, portanto, temos pouca ação direta na tecnologia;
  • mapear a rede e a forma como ela vem utilizando a informação que produzimos é um exercício fundamental de auto-crítica e aprendizado sobre a rede. Fazer isso não tem por objetivo controlar a rede, mas sim entender o seu contexto de movimentação, de apropriação e circulação daquilo que temos produzido. 

O espaço para conversa em rede ainda tem sido tímido e limitado, sobretudo pelo fato de ainda não termos implementadas as atualizações de tecnologia que estão previstas para o site. No entanto, é interessante perceber como os membros de comunidades vão se ligando que dentro de seus fóruns também há espaço para divulgação de vagas, projetos e acessos a programas que são gratuitos, públicos e estão no foco de interesse da comunidade que participam. Como no caso abaixo:



Enfim, tem sido divertido o aprendizado de algumas coisas que eu antes mais fazia idéia do que já tinha propriamente experimentando com esses recursos. Mas, o mais importante tem sido criar uma nova linguagem para descrever uma nova visão de Internet para esse processo e perceber o efeito que isso vem causando numa mudança da visão da própria política pública.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Novo visual do blog

O blogger lançou alguns recursos de edição de layout e ampliou a flexibilidade de edição do CSS dos blogs.
Até que enfim!!!

Ainda num tem um painel de controle tão flexível e recursos quando o Wordpress, mas deu alguns ganhos interessantes para usuários que já tem um histórico e vale a pena se manter na plataforma.

Gostei das brincadeiras, aproveitei para mudar por aqui e abrir em 3 colunas.

Criei um novo bloco: "o que estou lendo momento". Compartilhando o espírito do tempo por aqui.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Quanto vale ou é por kilo

Faz anos que assisti esse filme e conversando com a Drica hoje me recordei de alguns pontos interessantes dele. Tem alguns discursos dados, mas dá para refletir sobre alguns pontos do que a gente anda fazendo por aí.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A conservação das estruturas nos sistemas sociais

Independente do tipo de sistemas sociais que somos parte, dá para perceber uma característica que que é muito semelhante em todos eles: os sistemas criam maneiras de conservarem suas condutas ditas "apropriadas".

Sejam as condutas ditas "libertárias", ditas "conservadoras", centralizadas, abertas... A questão é que a partir do momento em que um sistema social se constitui, ele passa a operar de uma maneira que me parece naturalmente conservar as condutas que constituíram o próprio sistema. Sem dúvida, isso muda ao longo do tempo, pois as pessoas mudam, sua maneira de ver, usar a linguagem, a produção de sentido e de viabilidade de estarem no mundo muda.

Mas, a maneira como conservamos nossas condutas nos sistemas sociais que participamos não é algo tão evidente. Me parece ser um aspecto sutil, muitas vezes móvel, mutante e encoberto de justificativas de nossos próprios padrões de conservação. Às vezes, o que surge como algo em busca do novo, vira uma maneira de conservar uma certa conduta que se estabiliza num tipo de busca do novo e, por dentro disso, a própria busca do novo padece de outras maneiras de se ver o novo. Ou seja, o olhar vai ficando engessado, acostumado a olhar para algo de uma determinada forma, como se essa forma fosse a certa, a melhor, a maneira viável, possível...

A questão é que os sistemas sociais vão se estabilizando ao longo do tempo assim. Em determinados pontos, passam por crises, viram do avesso, seu próprio desejo de conservação de condutas passa a ser insuficiente para lhe garantir vida: o sistema perde sua capacidade organizacional e morre. É reinventado de outras maneiras, desaparece aqui e surge ali. E tudo gira.

Lendo um pouco sobre isso no "A ontologia da realidade" do Humberto Maturana, vi um trecho que achei especial. Maturana menciona duas maneiras que vê sobre como um sistema social cria condições de estabilizar sua própria organização e, assim, preservar sua condição de possibilidade de se manter como um sistema social:
  • à estabilidade pela consciência social, ao ampliar as instâncias reflexivas que permitem a cada membro uma conduta social que envolve como legítima a presença do outro como um igual; ou
  • à estabilidade na rigidez de condutas, por um lado, mediante a restrição das circunstâncias reflexivas, ao limitar os encontros fora do sistema social e reduzir a conversação e a crítica, e, por outro lado, mediante a negação do amor, ao substituir a ética (a aceitação do outro) pela hierarquia e a moralidade (a imposição de normas de conduta), ao institucionalizar relações contingentes de subordinação humana. 
Possibilidades visíveis em muitos dos sistemas que vivemos e fazemos parte, além de alimentar condutas que conservam esses níveis de estabilidade. Justificativas para rigidez, limitação e institucionalização de relações são fáceis de serem encontradas e, a primeira vista, parecem sedutoras e produtoras de um sentido de eficácia e escala nas relações.

Mas, não se trata disso. Se pensamos nas redes como sistemas sociais que podem propor uma ampliação de nosso potencial de liberdade, creio que estamos falando de processos que considerem a consciência social como meio de organização e estruturação dos sistemas. Ou seja, estamos falando aqui de ampliar espaços de conversação, espaços de criação de coletivos que se exercitam na escuta, na busca do entendimento e do encaminhamento de suas questões pela composição de diversas visões. É um exercício de linguagem, de visão, de ampliação de olhar.

Do contrário, caminhos que levam a rigidez e hierarquização parecem a única opção possível, mesmo mascarados em formas libertárias, sedutores e em discursos fáceis. O sutil não tá na aparência, tá no uso da linguagem, nas formas de relação e naquilo que é não dito.

o prisma da conversação online


The Conversation Prism by Brian Solis and Jesse Thomas

onde os brasileiros se encontram nas redes sociais

Dica da Thalita. Gostei.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Abrindo dados online: um grau maior para remixagem

Tenho estado nas últimas semanas algumas ferramentas bem interessantes que vi no curso de Civic Hacking do P2PUniversity.A idéia é ter meios mais abertos de disponibilizarmos dados brutos online para além de deixarmos os arquivos (xls, ods, pdf, etc...) disponíveis para download em alguma página qualquer.

Fiz uma planilha simples no Swivel com os dados da taxa de crescimento de acessos no site da Juventude SP. Achei interessante poder colocar tanto a planilha quanto gráficos embed. A possibilidade de outras pessoas pegarem esses dados, gerarem novos estudos e análises é um passo bem interessante de abertura para projetos como Ponline, pesquisas, estudos que viermos a fazer.



Outras ferramentas que tão fazendo coisas semelhantes:
  1. DaddleDB;
  2. SmartSheet;
  3. Google Fusion Tables.

o falso problema da inovação

Inovação, criatividade e experimentação parecem ser cada vez mais o tom dos discursos nas redes, nos jornais, nos relatórios e nas conversas de quem tá refletindo sobre nossas tendências atuais, como nesse relatório que a IBM soltou recentemente.

Tenho preferido ver a questão de uma outra maneira. Acho que posicionar a conversa sobre esses pontos é acabar alimentando um ciclo de produção que pretende ser libertário mas que acaba fechado sobre as próprias fronteiras que acaba erguendo.

As fronteiras não surgem das organizações, nas instituições burocráticas ou mesmo das redes que fazemos ou não parte. As fronteiras surgem na linguagem: termos que definem e excluem, expressões que buscam registrar algo dinâmico e que dão conta de apenas relevar uma dimensão limitada e temporal do pensamento.

A busca por liberdade, se for esse o caso, está além das fronteiras da linguagem. Não é algo que vamos resolver criando mais redes, desenvolvendo tecnologia, salvando a natureza ou melhorando nossa capacidade de inovação, criatividade e tendo idéias mais interessantes para pesquisa e desenvolvimento.

A busca por liberdade está além do conceitual, do que pode ser expresso em significados. Está exatamente no dissolvência do significado, das perguntas que buscam uma resposta que só é encontrada quando já não há mais perguntas.

Parece algo paradoxal: como se nada do que efetivamente fizéssemos pudesse ampliar intrinsecamente nosso potencial de liberdade e a liberdade só realmente surgisse quando deixamos de buscá-la dessa maneira. Creio que parcialmente. Bordas podem ser ampliadas, compreensões alargadas, sistemas que passam a incluir variáveis que antes não eram consideradas, pessoas que se abrem para conversas quando antes estavam fechadas, começamos a considerar coisas que antes achávamos irrelevantes.

Sem dúvida, isso também tem um limite. Toda a complexidade não pode ser abarcada de uma forma plena, sempre algo estará de fora. Fazemos escolhas, escolhemos bordas, criamos fronteiras, nos associamos e nos separamos e fazemos isso como consequência da nossa própria maneira de nos relacionarmos e usarmos a linguagem que usamos.

Dessa maneira, buscar inovação, criatividade e experimentação como elementos fundantes de algo libertário, como se o que se dedicasse a outras coisas fossem apenas a conservação de um determinado status quo me parece um falso problema.

Himalayas Science Of The Mind

Boa dica da Revista Bodisatva:

Estrutura e influência das redes sociais: organismos?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ativação de Redes e Mudança de ordem em sistemas organizacionais

Acabei de ler o livro Pragmática da Comunicação Humana e muita coisa que vinha pesquisando, experimentando começou a fazer mais sentido. O livro é de 1967 e foi muito inspirado no trabalho do Gregory Batenson, nos pesquisadores de Palo e toda a turma da Cibernética.

Já faz alguns bons anos que o pessoal da Cibernética, do pensamento sistêmico e da complexidade vem me interessando. Muitas boas respostas do ponto de vista de como aprendemos, como nos organizamos, como construímos nossa consciência e linguagem venho encontrando por ali. Além de ser um caminho que vai me libertando de uma série de dogmas e paradoxos complicados de dissolver, comecei a ver muita conexão com a minha vivência nas redes colaborativas na Internet.

O tema da colaboração, das emergências e ações sempre me interessou. Passei a estudar, pesquisar, ler, vivenciar as redes em busca de um entendimento que me ajudasse a descrever aquilo que vivia.

Mas, uma pergunta que continuou me fazendo é: Como podemos facilitar que os sistemas organizacionais humanos possam ampliar a consciência de si mesmos, refletindo sobre como fazem o que fazem e se reestruturar a partir disso? Como abrir espaços relacionais que facilitem a liberação de tensões, ampliem o potencial de reflexão e permita aos participantes dos sistemas ficarem mais inteligentes, percebendo padrões sutis de sua comunicação e articulação?

Bem, hoje montei um inforáfico bem simples, versão 0.1 de uma série de idéias e processos que venho pesquisando e experimentando em projetos...

Efeito Droste

Conversando sobre recursividade com o Glauco, ele me chamou a atenção para como isso aparecia na arte:

"O efeito Droste é um termo holandês para um tipo específico de imagem recursiva. Uma imagem exibindo o efeito Droste contém uma cópia pequena da própria imagem sendo exibida em uma determinada posição de seu interior. E esta cópia pequena também exibe uma outra cópia menor ainda na mesma posição e assim sucessivamente.
Somente na teoria este efeito avança infinitamente pois a continuidade avança enquanto o limite da resolução da imagem permitir e o efeito é curto pois reduz exponencialmente o tamanho da imagem a cada iteração."

Gostei demais! Na computação, a recursividade surge quando uma rotina de um programa chama a si mesmo, passando como parâmetro seu estado anterior. Na cibernética, aparece como a retroalimentação de sistemas, feedback negativo e positivo, que depois vira toda a base da revolução na robótica via a engenharia de sistemas. E dá-lhe engenharia elétrica aparecendo de novo.... Transformadas de Laplace, Série de Fourier... Humm....