Construindo uma história de links e caminhos, de conexões e conversas, de sentidos e contextos...
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Ouvi dizer que me acusaram
Ouvi dizer que me acusaram de tentar destruir instituições;
Mas, de fato, não sou favorável nem contrário as instituições,
(Que tenho em comum com elas? ou com a sua destruição?);
Desejo apenas estabelecer em Manhattan e em todas as cidades destes Estados, no interior, no litoral,
E nos campos e nos bosques, e nas quilhas pequenas ou grandes que chanfram as águas,
Sem edifícios, ou regras, ou curadores, ou qualquer argumento,
A preciosa instituição do amor entre camaradas.
Walt Whitman
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Anotações sobre o papel da mediação nos movimentos de rede
Movimentos que se propõe a formar redes podem ser vistos como movimentos que instauram e fazem girar o que vamos chamar aqui de zonas de intencionalidades. De que intencionalidades estamos falando? Sem dúvida, de várias, múltiplas, ora congruentes, ora difusas, divergentes, sintéticas e em contínuo movimento enquanto surgirem novos enlaces e novos nós em conexão. Vejamos algumas.
Há uma intencionalidade fundamental e que vai influenciar de forma determinante, porém não excludente, o contexto, a borda, o campo daquilo que se propõe a colocar em rede, ou seja, daquilo que se pretende que a rede gire e produza em seus enlaces de conectividade. Intencionalidade essa que, muitas vezes, é pouca clara, pouco falada, pouco visível mesmo para aqueles que se propõe a operá-la e acreditam que a determinam. Essa intencionalidade instaura, mesmo que em casos extremos e de um modo difuso a partir de um explícito não-lugar, um convite de relação. Vemos nesse convite que constrói a intencionalidade a conexão por temas de interesse, desejos de agrupamento, articulação, movimentos de rede que se propõe a algo.
Mas há outras inúmeras intencionalidades que atuam e entrecruzam esse convite inicial. Falamos aqui das intencionalidades de quem responde a esse convite e se sente impelido a se tornar um nó na malha de conexões, buscando deslocá-las segundo seus próprios interesses, sejam eles congruentes ou divergentes entre si em determinados momentos, em determinadas instâncias de existência da própria rede.
É essa zona de intencionalidades definida pelos movimentos de rede que, ao mesmo tempo, define a própria rede. Logo, observando desse lugar em que nos propomos a olhar, essa zona é um campo de cuidado e de atenção. Cuidado no sentido de que é nesse campo que podem surgir a explicitação de pressupostos, modos de ver o mundo, entendimentos senso-comum pelos quais nos definimos, valores a serem defendidos, disputados, desejados, rejeitados, definições, variabilidades de discurso que podem mesmo chegar a redefinir as próprias bordas da rede, levando a outros níveis de entendimento de nossas próprias intencionalidades. Atenção no sentido de que nesse campo surge uma possibilidade de atuação, de um espaço de trabalho que se permite a operar a partir das múltiplas intencionalidades como um elemento que instaura uma nova intencionalidade: ser caminho de passagem, elemento de reflexão e conexão das diferenças e semelhanças. É a partir desse cuidado e dessa atenção que nos propomos a construir o lugar do mediador e a função da mediação em movimentos de rede.
Há uma intencionalidade fundamental e que vai influenciar de forma determinante, porém não excludente, o contexto, a borda, o campo daquilo que se propõe a colocar em rede, ou seja, daquilo que se pretende que a rede gire e produza em seus enlaces de conectividade. Intencionalidade essa que, muitas vezes, é pouca clara, pouco falada, pouco visível mesmo para aqueles que se propõe a operá-la e acreditam que a determinam. Essa intencionalidade instaura, mesmo que em casos extremos e de um modo difuso a partir de um explícito não-lugar, um convite de relação. Vemos nesse convite que constrói a intencionalidade a conexão por temas de interesse, desejos de agrupamento, articulação, movimentos de rede que se propõe a algo.
Mas há outras inúmeras intencionalidades que atuam e entrecruzam esse convite inicial. Falamos aqui das intencionalidades de quem responde a esse convite e se sente impelido a se tornar um nó na malha de conexões, buscando deslocá-las segundo seus próprios interesses, sejam eles congruentes ou divergentes entre si em determinados momentos, em determinadas instâncias de existência da própria rede.
É essa zona de intencionalidades definida pelos movimentos de rede que, ao mesmo tempo, define a própria rede. Logo, observando desse lugar em que nos propomos a olhar, essa zona é um campo de cuidado e de atenção. Cuidado no sentido de que é nesse campo que podem surgir a explicitação de pressupostos, modos de ver o mundo, entendimentos senso-comum pelos quais nos definimos, valores a serem defendidos, disputados, desejados, rejeitados, definições, variabilidades de discurso que podem mesmo chegar a redefinir as próprias bordas da rede, levando a outros níveis de entendimento de nossas próprias intencionalidades. Atenção no sentido de que nesse campo surge uma possibilidade de atuação, de um espaço de trabalho que se permite a operar a partir das múltiplas intencionalidades como um elemento que instaura uma nova intencionalidade: ser caminho de passagem, elemento de reflexão e conexão das diferenças e semelhanças. É a partir desse cuidado e dessa atenção que nos propomos a construir o lugar do mediador e a função da mediação em movimentos de rede.
“A mediação seria o processo de criação de elos entre dois agentes constituindo um composto híbrido que não existia antes e que desloca os objetivos, funções e intenções previamente estabelecidos” (Bruno, 2010).
“Um mediador não é uma causa, nem um efeito ou mero intermediário entre dois pólos definidos de antemão. Ele é um operador de diferenças, de desvios, de deslocamentos que redefine os termos postos em relação – o indivíduo e a tarefa, o sujeito e o seu mundo interno ou externo” (Bruno, 2010).
“O mediador de relações sociais pressupõe, além de afinidade ideológica com a proposta de intervenção, que ele tenha sensibilidade e disponibilidade interior para aguçar a escuta, e maturidade suficiente para extrair da experiência vivencial o material de que precisa para problematizar os temas da vida social que nos grupos se estampam. Desempenhar bem essa função exige também que essa pessoa esteja mobilizada para entender e querer transformar as relações que, na sociedade competitiva em que vivemos, aprendemos a estabelecer com diferentes tipos de autoridade” (Lima, 2009).
“Orientados pelo princípio da co-gestão, os indivíduos que assumem a função de mediadores das relações sociais dos grupos sabem disso (referindo-se ao papel dos líderes e hierarquia). Por isso não ocupam o papel burocrático de apaziguar as tensões cotidianas, como forma disfarçada de salvaguardar as hierarquias. Não são conciliadores, nem fazem acordos para evitar conflitos que venham desestabilizar o controle da situação” (Lima, 2009).
No movimento por dentro da zona das intencionalidades, o mediador atua favorecendo a visibilidade as diferenças e semelhanças, acirrando contradições e produção de comum, tornando o híbrido método e forma de passagem por entre a diversidade de discursos e enunciados em circulação. É desse lugar que o mediador não se preocupa se há muita ou pouca conversa, se a conversa é tensa ou apenas “adequada”. O mediador opera a partir do que brota, ele opera a partir do desejo de conversa alheio e não com a intencionalidade de produzir apenas mais conversa, imaginando aqui que a quantidade define a qualidade do movimento. Mas, há um outro ponto ainda no campo das intencionalidades que surge nas anotações acima e que demanda um pouco mais de atenção: a afinidade ideológica com a proposta de intervenção.
O mediador não é um animador, um mero provocador de conversas que tenta falar de um lugar neutro, residindo na inconsistência da completa falta de intencionalidade. Não. O mediador age e age de algum lugar. Que lugar é esse? Voltamos aqui a intencionalidade do próprio movimento que se propõe a produzir redes. Que movimento é esse? Que características possui? Que associações estabelece? Que perspectivas de sociedade, de mundo e de modos de relação lhe definem? Saber disso e, acima de tudo, se posicionar em relação a isso é condição de base do trabalho do mediador que se pensa do lugar do cuidado e da atenção a zona das intencionalidades. Afinal de contas, o mediador está serviço exatamente do quê mesmo?
Referências:
1. Teoria ator-rede e psicologia. Prefácio. Fabiana Bruno, 2010.
2. Educação pelos meios de comunicação ou produção coletiva de comunicação na perspectiva da educomunicação. Grácia Lopes Lima. 2009.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Conversando sobre Design colaborativo e dispositivos móveis como meios de intervenção social no I Congresso de Extensão Universitária da Unifesp
Desde os tempos de estudante universitário que escuto falar que uma universidade de qualidade, pública e gratuita deveria ser feita de três eixos fundamentais: pesquisa, ensino e extensão. A pesquisa e o ensino são elementos que têm me sido bastante próximos nos últimos, mas a extensão universitária era algo que de fato nunca tinha me colocado para pensar sobre e analisar seus efeitos, impactos e possíveis modos de trabalho quando envolve de fato professores, alunos, trabalhadores em geral e a própria comunidade onde o objeto de extensão surge como desenho e contorno de prática.
Ocorre que desde o começo desse ano estamos numa boa parceria com o núcleo Educação, Tecnologia e Cultura da Universidade Federal de São Carlos no contexto do projeto +Telecentros. Uma preocupação central desse espaço é trabalhar a questão da extensão como um elemento de articulação entre o que é produzido na universidade e o que é experenciado na relação com a sociedade. Questões de fundo interessantes, mas, sobretudo, modos de envolver alunos de graduação e pós-graduação que fazem muito sentido quando pensamos que a Universidade poderia ser um amplo de espaço de debate e experiência de outros modos de produzir uma sociedade.
O envolvimento do aluno é algo que tem me surpreendido. O impacto que as reuniões trazem, as reflexões que eles se fazem entre o que rola na sala de aula e o que vivenciam no ambiente de implementação de um projeto em uma política pública federal, os efeitos que isso vai acarretando em seu modo de entender seu papel, de como questionar esse mesmo papel.
A convite dos professores de lá, preparamos um material para apresentar no I Congresso de Extensão Universitária promovido pela Unifesp aqui em São Paulo. Fui eu e Felipe Cabral apresentarmos o trabalho que estamos desenvolvendo na área de Web para o projeto na parte da manhã, Felipe e Gus Gannan apresentando a parte de dispositivos móveis na período da tarde.
Conversa boa por lá. O ponto em que nos posicionamos era olharmos para a forma como produzimos um site, seja ele uma rede, um ambiente de divulgação de informação, agregação ou o uso que quisermos dar, como um meio fundamental de discutirmos as próprias apostas de como entendemos que um projeto deve funcionar, como ele deve operar e que impactos a organização da informação desse projeto causa na maneira como entendemos o próprio projeto. Produzir um site é menos uma técnica ou o desenvolvimento de um produto, sendo muito mais, neste caso, uma oportunidade de abrirmos diálogos que nos organizem e facilitem refletirmos sobre o que fazemos, como fazemos e como nos vemos uns aos outros. A conversa impactou algumas pessoas, trazendo questões interessantes sobre como articulamos esse trabalho em relação aos próprios caminhos de pesquisa da Universidade, suas formas de aprofundamento, documentação e efeitos em toda a comunidade acadêmica. Enfim, novos sentidos ganhando corpo para nós ali, em ato e presença.
Outro ponto forte da conversa, que nem sempre é um ponto trivial por aí afora, foi debatermos que não acreditamos numa cisão entre o que chamamos tradicionalmente de "equipe de tecnologia" e aqueles que operam os sentidos e caminhos de um projeto. Essa cisão tem a tendência de alienar investimentos emocionais e técnicos que poderiam estar a favor de uma melhor compreensão de como nos comunicamos e de como operamos enquanto grupo no espaço e na posição de gerir um projeto de forma coletiva. Conversa forte, abrindo espaços para questionarmos vários pontos de tensão que brotam em nossas relações de dia-a-dia: hierarquia, posições de poder, circulação de fluxos de informação e por aí vai.
Ocorre que desde o começo desse ano estamos numa boa parceria com o núcleo Educação, Tecnologia e Cultura da Universidade Federal de São Carlos no contexto do projeto +Telecentros. Uma preocupação central desse espaço é trabalhar a questão da extensão como um elemento de articulação entre o que é produzido na universidade e o que é experenciado na relação com a sociedade. Questões de fundo interessantes, mas, sobretudo, modos de envolver alunos de graduação e pós-graduação que fazem muito sentido quando pensamos que a Universidade poderia ser um amplo de espaço de debate e experiência de outros modos de produzir uma sociedade.
O envolvimento do aluno é algo que tem me surpreendido. O impacto que as reuniões trazem, as reflexões que eles se fazem entre o que rola na sala de aula e o que vivenciam no ambiente de implementação de um projeto em uma política pública federal, os efeitos que isso vai acarretando em seu modo de entender seu papel, de como questionar esse mesmo papel.
A convite dos professores de lá, preparamos um material para apresentar no I Congresso de Extensão Universitária promovido pela Unifesp aqui em São Paulo. Fui eu e Felipe Cabral apresentarmos o trabalho que estamos desenvolvendo na área de Web para o projeto na parte da manhã, Felipe e Gus Gannan apresentando a parte de dispositivos móveis na período da tarde.
Conversa boa por lá. O ponto em que nos posicionamos era olharmos para a forma como produzimos um site, seja ele uma rede, um ambiente de divulgação de informação, agregação ou o uso que quisermos dar, como um meio fundamental de discutirmos as próprias apostas de como entendemos que um projeto deve funcionar, como ele deve operar e que impactos a organização da informação desse projeto causa na maneira como entendemos o próprio projeto. Produzir um site é menos uma técnica ou o desenvolvimento de um produto, sendo muito mais, neste caso, uma oportunidade de abrirmos diálogos que nos organizem e facilitem refletirmos sobre o que fazemos, como fazemos e como nos vemos uns aos outros. A conversa impactou algumas pessoas, trazendo questões interessantes sobre como articulamos esse trabalho em relação aos próprios caminhos de pesquisa da Universidade, suas formas de aprofundamento, documentação e efeitos em toda a comunidade acadêmica. Enfim, novos sentidos ganhando corpo para nós ali, em ato e presença.
Outro ponto forte da conversa, que nem sempre é um ponto trivial por aí afora, foi debatermos que não acreditamos numa cisão entre o que chamamos tradicionalmente de "equipe de tecnologia" e aqueles que operam os sentidos e caminhos de um projeto. Essa cisão tem a tendência de alienar investimentos emocionais e técnicos que poderiam estar a favor de uma melhor compreensão de como nos comunicamos e de como operamos enquanto grupo no espaço e na posição de gerir um projeto de forma coletiva. Conversa forte, abrindo espaços para questionarmos vários pontos de tensão que brotam em nossas relações de dia-a-dia: hierarquia, posições de poder, circulação de fluxos de informação e por aí vai.
Assinar:
Postagens (Atom)