Um medo passou por aqui,
Deu um sinal de canto de olhar e me aguardou passar logo a frente, a espreita.
Outro fingiu que me olhava pelo espelho retrovisor de um carro com pressa, Cruzando a cidade na madrugada fria.
Um terceiro, parado na porta de casa,
Me pedia insistente sua cota de atenção, energia e vida.
Juntos, tentaram apenas me imobilizar,
Pedindo apenas que eu consentisse que ja nao era mais capaz de viver sem eles.
Fizeram juras de amor, cantaram cancoes, fizeram promessas de fidelidade.
Foram agressivos.
Me disseram que sem eles, sem a frustracao que me traziam, eu seria fraco, Apenas um pouco mais de nada em meio a um mundo de fortes, todos eles protegidos por seus medos fieis.
Por longos anos, hesitei, lhes concedendo frestas de razao, a vez e a prioridade nas tomadas de decisao.
Mas, subitamente, hoje não.
Hoje, talvez, eu de fato não seja mais eu e não me procure neles, para firmar referância e saber o que fazer quando a vida me pegar deprevinido.
Hoje não. Não tenho resposta, só carrego perguntas.
Não tenho certezas, só carrego a mente que é capaz de produzi-las.
Hoje o tempo vai passar diferente, apenas aguardando o agora no momento seguinte.
Hoje só direi talvez.
E não direi talvez como quem duvida de si, mas como quem assiste aos diversos si surgindo e desaparecendo diante de si.
Hoje o quando desaparece de mim e surge, como se fosse um antigo conhecido, dando lugar a coragem do vir a ser.
Hoje, e talvez apenas hoje, os medos não me encontrarão igual, rindo de minha previsibilidade perante suas velhas questões e minhas velhas respostas.
Hoje, não.
Hoje despertei menino, veloz, traquina, risonho.
Hoje só cabe ele no espaço de um dia.
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