quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Do-in Antropológico da aprendizagem em rede

Dia 01 de dezembro, estive com a Drica na Dobra para uma conversa sobre Redes Sociais e Aprendizagem.


Conversa boa, umas 20 pessoas presentes e algumas reflexões que ficaram na paralela até hoje, momento que encontrei um tempinho para poder refletir e documentar um pouco as ideias por aqui.

Muito se tem falado de aprendizagem em rede, comunidades de prática, redes de inovação, inteligência coletiva e um tanto de expressões que buscam tentar descrever coisas que me parecem muito semelhantes.

Hoje, aqui numa formação em Fortaleza, refletindo sobre isso com alguns companheiros, estávamos falando que, as vezes, a gente se esquece que toda essa conversa sobre Internet, redes e colaboração foi uma das melhores formas que encontramos de continuar tentando encontrar a própria autonomia, liberdade e capacidade de auto-organização.

Vejo que tem uma pista valiosa sobre muito dos tempos que vivemos nessa reflexão. A Internet encarna os paradoxos da liberdade e controle, sendo tanto uma coisa quanto a outra, apenas dependendo da mão de quem conecta. Aprendizagem, por si só, também pode estar relacionada a diferentes caminhos, a múltiplas formas de se ver o mundo, tanto libertárias quando controladoras, sendo eficazes o mesmo tanto, mais uma vez apenas dependendo do olhar de quem educa.

Mas, se quisermos usar a rede, apenas uma de suas possibilidades, para trabalharmos os desafiarmos de nos tornarmos mais autônomos e conseguirmos enfrentar para valer as dificuldades de produção de novas formas organizacionais, meu ponto é que aí avançamos para algo ainda em formação. 


Não tem nada dado nesse caminho. Poucas experiências que realmente conseguiram sair das próprias questões de controle excessivo, das formas tradicionais/culturais de impor valores e da abertura de um poder centralizado. Mas, as que estão tentando, documentando, compartilhando, tirando muito da mística que se constrói em torno disso, tem produzido avanços muito interessantes no pensamento e na prática da produção de coletivos autônomos.

Acredito que o Do-in Antropológico tem muito a ver com isso, localizar o ponto de pressão da política de formação de grupos, localizar como aquela política busca se regular, quais são seus valores, suas práticas e, a partir disso, poder entender que tipo de ação em rede poderia de fato ocorrer, que tipo de coletivo se objetiva criar e que tipo de respaldo social temos para bancar os desafios dessa construção.


Muitos caminhos e projetos são possíveis, mas não ser ingênuo nesse momento e conseguir graduar o próprio olhar é um passo fundamental para regular expectativa e as próprias condições de possibilidade da ação.

Sim, sem dúvida podemos mudar formas e visões de como se fazem as coisas. Mas localizar esforços, saber quando entrar e quando sair e, sobretudo, se perguntar a quem mesmo estamos a serviço, me parece uma etapa fundamental no design de redes e de processos de aprendizagem.

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