quinta-feira, 7 de julho de 2011

Conferência ISSI 2011 - anotações do quinto dia

Último dia de congresso aqui em Durban e, para ser sincero, não poderia ter sido melhor. Discussões ao longo do dia de altíssimo nível, boas conversas de corredor, ânimos e perspectivas se desenhando do para onde estou e para onde vou.
Detalhando o dia por aqui.

  1. Keynote address - hoje falou o Jonathan Adams, presidente da Thomson Reuters, uma das maiores empresas do mundo na área de indexação de recursos digitais. O tema da fala dele era sobre um novo sistema da Thomson para indexação de livros, gerando métricas de citação que possam ser coletadas para análise assim como é feito hoje pela WebOfScience.  O ponto central dessa fala é a escolha que estão fazendo de apenas indexar livros em inglês. A apresentação foi duramente criticada por vários participantes, por razões óbvias. O império contra-ataca. 
  2. Sessão Mapping/clustering 1 - A sessão várias pesquisas preocupadas em formas de mapear relações entre documentos, conversas, textos, enfim, conjuntos de recursos para poder analisar relação e relevância entre eles. Utilizam algumas formas tradicionais de cálculo de similaridade entre documentos e outras um pouco mais novas, como considerar a distância geográfica e a relação de outros campos. Muitos ainda usam o dendograma para análise de agrupamentos como uma forma de encontrar clusters, facilitando determinar categorias a partir da análise de semelhança dos conjuntos. É interessante como têm utilizado esse tipo de pesquisa para detectar a emergência de novos campos de conhecimento, mostrando como a dinâmica de produção científica vai se reagrupamento de outras formas, mudando disciplinas, modificando áreas, recriando espaços.
  3. Sessão Mapping/clustering 2 - Alguns artigos expostos nessa sessão utilizam algoritmos interessantes para identificar clusters: MDS e Gini. O ponto interessante de um estudo mostrava como as disciplinas dos países BRIC estavam cada vez mais próximas em sua forma de organização dos países do G7, apenas usando esses indicadores por análise de descritores e categorias de documentos de produção científica. Movimento dinâmico ao longo muito interessante de visualizar. De fato, o que está por trás disso? Financiamento, sem dúvida... Outra apresentação da sessão mostrou uma pesquisa que estuda o acoplamento de comunidades a palavras de interesse em seus documentos. Estuda isso usando técnicas de cluster e semelhança por K-means e Vosviewer (que é também um software para análise de semelhança), mostrando o quanto o último tem apresentado resultados melhores e mais bem definidos. Mostraram discussões sobre densificação da rede e sobre animação de evolução dos grafos, sendo que algumas ferramentas relatei no post da manhã de hoje.
  4. Sessão Networks 2 - última sessão do congresso. Novos indicadores para análise de co-citação e de como a informação flui por uma rede foram apresentados. Pesquisa ainda inicial, mas me pareceu bastante promissora para análise de movimentos. É algo que pretendo aprofundar um pouco e ir documentando por aqui. Um dos indicadores apresentados foi de Centralidade de Grupo, uma ideia que busca agrupar um conjunto de nós numa rede e analisar a centralidade da perspectiva do grupo e não apenas dos nós que o compõem. Uma última questão que foi tratada foi sobre previsão de links, ou seja, a partir do estudo da estrutura e da dinâmica de uma rede há um conjunto de métodos que poderíamos utilizar para prever quais seriam as próximos conexões que poderiam surgir na rede. Essa análise foi feita preferencialmente para redes bipartite (modo 2), sendo 3 elementos necessários: uma rede de treinamento, um algoritmo preditivo e uma rede de teste. Os resultados iniciais pareceram promissores. 
 Uma síntese do dia: sabemos bem pouco ainda sobre os potenciais que podemos explorar de um grafo. Há muito conhecimento a ser construído, pensado e experimentando na modelagem de uma quase infinita quantidade de problemas que podem ser tratados por grafos. O pensamento relacional ainda é algo muito novo para nós, estamos muito acostumados a pensar em relações diretas de causa e efeito, a lógica do grafo muda complemente isso. É outra abordagem, outro modo, outros desdobramentos muito mais complexos que ainda não sabemos lidar direito. O que tenho observado por aqui é uma busca contínua por entender isso melhor, por perceber o quanto os métodos de pesquisa que temos utilizado precisam ser repensados e o quanto isso está impactando em novas formas de pensamento.

Final do dia: feliz de ter participado disso tudo e aprender a quantidade enorme de coisas que pude aprender. Que venham os próximos!

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