sexta-feira, 18 de maio de 2012

O valor e a escala de crescimento das redes: leis de Metcalfe e Reed

Lendo a revista Wired essa semana, na entrevista de Marc Andreensen, ele trouxe a tona duas "leis" que tentam dar conta de projetar o valor das redes e o modo como elas se organizam por comunidades. O ponto em comum dessas duas formas de olhar para redes é que elas falam de fenômenos ligados ao crescimento delas, ou seja, quando mais nós e mais links começam a fazer parte de uma estrutura algo ocorre.

Esse algo tem a ver com o modo de valorar redes e o modo de enxergar a formação de subgrupos.

A lei de Metcalfe

Metcalfe é um dos pioneiros da Internet, tendo sido o inventor do padrão Ethernet de comunicação de redes locais.
A sua ideia, extraído da Wikipedia, diz o seguinte:

"O valor de um sistema de comunicação cresce na razão do quadrado do número de usuários do sistema."



\frac{n(n-1)}{2}

Bem, isso pode significar muitas coisas sob vários pontos de vista. Porém, basicamente, pra mim significa que quanto mais gente conectada, quanto mais dispositivos articulados, maior o valor de uma estrutura de rede. Além disso, esse valor cresce no quadro do número de nós em articulação. O quadrado aqui tem um efeito de criar um escalonamento que é diferente do crescimento linear, mostrando que mais nós representa mais possibilidades de combinação que crescem proporcionalmente ao quadrado.

As redes geram valor. Isso é algo difícil de discordar. Geram troca de informação, geram articulação de pessoas, geram possibilidade de produção de conhecimento, geram capacidade de novos caminhos de conversa, geram muitos modos de combinação entre pessoas e dispositivos técnicos que têm servido de base para o que temos conhecido como as melhores e mais interessantes inovações que temos produzido nos últimos anos.

Isso vale e pode ser aplicado em muitos casos. Vale para projetos, para modos de articulação social, para modos de ativismo, para modos de relacionamento em geral. Geramos valor em nossas articulações. Como entendemos o que é valor, aí, vai depender do teu olhar, daquilo que lhe convoca, do que lhe chama atenção.

Valor nem sempre é $, nem sempre é poder de dominação. Qual a unidade de valor que poderíamos utilizar aqui? Reais, amigos, articulação, influência, apoio, colaboração, ajuda? Que mais?

O fato que me interessa aqui: redes geram valores e esse valor depende unicamente do contexto onde a rede opera como modo de organização da relação entre pessoas.


A lei de Reed

Já a lei de Reed diz do número possível de subgrupos que podem ser formados dentro de uma rede.  Reed, também um dos pioneiros da Internet, trabalhou na criação do TCP/IP e foi o designer do protocolo UDP.

Segundo ele, o número de subgrupos que surgem dentro de uma rede também depende do número de nós presentes na rede a uma escala que evolui exponencialmente com o número de nós: 2N − N − 1.


Pra mim, isso tem uma perspectiva bem interessante quando conseguimos observar que quanto mais gente atuando numa rede maior é a tendência dessas pessoas se organizarem em subgrupos que tenham e definam focos mais específicos de ação. Ao que tudo indica, parece esse um fenômeno bastante peculiar das redes sociais e do modo de organização que nos pautamos socialmente quando atuamos nessas redes.

Essas duas leis podem ser utilizadas de modo articulado para projetarmos análises, projetos, escalabilidade e funcionalidades em sistemas colaborativos. Estou falando de modos de fazer design de redes. Conhecer e estudar algumas das possibilidades de como as redes evoluem no tempo pode nos deixar mais atentos, mais conectados e ligados em condições de contorno que podem facilitar a conversa, facilitar o fluxo e liberar energia criativa para outros tantos meios de recombinação de imaginários.



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