Tema bom de conversar e ainda com muito, mas muito para ser feito em termos de tecnologia, pesquisa e, sobretudo, entendimento humano do assunto. Como tenho feito já a um tempo, estou participando de eventos desse tipo, enviando trabalhos do doutorado, como estratégia para conhecer melhor a área da CI no Brasil, o que tem sido feito, quem está atuando e construir melhores formas de me inserir também nesse contexto.
Alguns bons temas foram discutidos por lá nos dois dias do evento. Vou resumir aqui o que considero como as principais contribuições para o debate e onde acho que temos bastante espaço para experimentar bons processos de relação:
- Banco Mundial e Unesco agora possuem diretrizes institucionais de promoção a seus repositórios em acesso aberto, seguindo os padrões da OAI.
- A União Européia finalizou recentemente um projeto chamado PEER - Publishing and the ecology of european research. O projeto se propunha a investigar os efeitos causados pela publicação sistemática de artigos científicos revisados pelos pares do ponto de vista dos leitores, dos journals assim como em toda a ecologia da pesquisa na união européia. Diversos materiais interessantes foram gerados ao longo de 4 anos de trabalho.
- Pesquisadores americanos têm criado alguns manifestos sobre a abertura integral e de acesso aberto aos resultados das pesquisas que foram financiadas pelo governo. Bom debate rolando aqui.
- Para novos processos, novos modos de dar visibilidade sempre são uma etapa que ajudam e muito a conseguirmos avança na consolidação de novas ideias. A PLOS (Public Library of Science) tem se proposto a construir e experimentar novos indicadores que busquem avançar nas limitações de avaliação que hoje existem quando utilizamos apenas o fator de impacto. O Article level metrics é uma iniciativa fundamental para esse debate. A ideia aqui por detrás é mostrar como temos a necessidade de trabalhar de forma multidimensional para construir sistemas de avaliação de impacto que expandam as nossas limitações de olhar do que é hoje considerado uma boa pesquisa científica. Trabalham com as seguintes dimensões e suas possíveis integrações: usage, citations, social bookmarking and dissemination activity, media and blog coverage, discussion activity and ratings.
- O projeto total-impact.org é uma iniciativa que permite criarmos uma coleção de objetos de pesquisa que desejamos rastrear e avaliar ao mesmo seu impacto na comunidade acadêmica. Permite criar coleções de artigos, dados, gráficos, entre outros e avaliar como eles são apropriados em diferentes dimensões. Muito útil.
- Um livro interessante sobre os "novos colégios invisíveis" foi comentando como uma boa tentativa de mostrar como a ciência, a dinâmica da pesquisa e os fluxos de redes têm mudado nos últimos anos no mundo todo.
- Nas apresentações de trabalho, deu para sentir as primeiras conversas sobre curadoria digital de dados, sobretudo num projeto que foi ali apresentado, do Digital Curation Centre. É um projeto do Governo inglês que visa auxiliar suas universidades e instituições de pesquisa a promoverem processos de curadoria de seus dados digitais, ou seja, arquivarem dados brutos de pesquisa e não somente aqueles que já foram processados e se tornaram relatórios, artigos ou outros tipos de trabalhos. Outro debate fundamental: onde publicar os dados brutos da minha pesquisa? O quanto eles não poderiam alimentar de ideias e possibilidades de experimentação outros pesquisadores que tivessem interesses semelhantes aos meus? O quanto isso não poderia favorecer a melhor circulação de nossas próprias ideias?
- Sobre ferramentas, duas delas foram bem lembradas para análise de padrões complexos em dados de produção científica: Citespace e Sci2.
Abaixo, segue a apresentação que fiz no Simpósio e o link do artigo apresentado.
E no final, até um show Hare Krishna com distribuição de comida vegana rolou! Bom encontro!
Um comentário:
Dalton, muito bacanas as referências de seu post! Abração, Paula (EE97)
Postar um comentário