O querer
Da angústia, já não mais procuro fuga
Procuro por onde os dedos possam tocar
E desenhar entradas ao convite do silêncio
Aguardando cessarem mundos sem fim.
E cessam versões de uma história
E seus seguidores, assim silenciados,
Já não mais disputam o sentido da verdade
E então começam a ouvir estranhos rumores,
Sons desconhecidos e cores inventadas sem memória.
Procuram pela terra a origem dos tremores
Vasculham no céu o caminho dos ventos
Mas nada encontram que lhes forneça uma pista sequer.
Desorientados, dançam,
E dançando inventam caminhos,
Produzem palavras e tecem o novo mito
Um novo ritmo a seguir dissipado na multidão dos valores comuns.
Mas, há os que se negam a seguir,
E há os que, desorientados, se negam a dançar
Insistem e permanecem ali, diante do silêncio
Instalados na abertura, de frente ao nada.
Senhores do tempo, amedrontados e resistentes,
Aguardam surgirem traços de sinais
O pulso invariável do momento seguinte
Onde assim, despidos, finalmente se encontram com seu próprio querer.
Construindo uma história de links e caminhos, de conexões e conversas, de sentidos e contextos...
domingo, 28 de setembro de 2014
domingo, 21 de setembro de 2014
Nudez
De um momento para o
outro, um estalo
Parado, me deito,
quieto, atento ao som que pulsa
E começo a me
despir das cores e vozes do mundo.
As impressões são
mais fáceis
Leves tremores da
epiderme bastam, trepidam e se vão.
Preconceitos são
resistentes, se escondem pelas juntas
E se rebocam pelos
fluídos da respiração noturna
Já dão mais
trabalho e demandam raspagem cutânea
Feito talhadeira
atenta aos detalhes de cada batida.
O pior são as
verdades
Imutáveis
estruturas ósseas
Sustentam a carne
que se move
E me lembram da
existência a cada traço de cotidiano.
Demandam outra forma
de nudez
Daquela que trança
os sentidos
Recriando formas,
passagens e os meios
Dissolvidas pela
angústia...
… de escutar as
próprias palavras nascidas do silêncio.
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