sábado, 27 de agosto de 2011

3 níveis de centralidade na rede Telecentros.BR: a dança de planos e movimentos de relação

A magia por trás dos algoritmos de análise de redes é a enorme flexibilidade que eles possuem, permitindo que possamos tratar a informação das relações que coletamos de n modos possíveis de acordo com sua própria imaginação.

Explorando hoje um pouco mais dos recursos do Pajek, o software de análise que tenho utilizado, decidi reduzir a quantidade de nós por grau de centralidade das redes que tenho analisado do Telecentros.BR.

Separei 3 níveis de centralidade na rede:
  1. os nós que possuem acima de 20 conexões;
  2. os nós que possuem acima de 15 conexões;
  3. os nós que possuem acima de 10 conexões.
 O mais interessante foi a surpresa de perceber que essa divisão, por mais que tenha sido totalmente aleatória e pensada apenas por curiosidade, me mostrou 3 configurações muito distintas da rede levando a pensar que de fato estava olhando para 3 movimentos muito diferentes.

Coloco as imagens que obtive abaixo para ilustrar o que comecei a ver nesse movimento:

Acima de 20 conexões


  
 Acima de 15 conexões

 

  Acima de 10 conexões


Os pontos amarelos são tutores/membros das equipes dos polos de formação. Os pontos verdes são monitores e os vermelhos pessoas cadastradas que não identificamos a qual grupo pertencem.

O que me chamou a atenção?

Quem mais está utilizando o sistema de mensagem online do Moodle é, sem dúvida, o grupo de tutores/membros dos polos. Os nós da rede que possuem acima de 20 conexões são apenas membros desse grupo e que acabam interagindo majoritariamente entre si também. Já quando baixamos para acima de 15 conexões, um movimento muito interessante fica mais evidente: a rede se divide em dois blocos, mostrando o grupo anterior de tutores/polos e um novo grupo de monitores que praticamente não se relacionam. Isso me mostra uma coisa importante: os monitores que mais utilizam essa rede conversam sobretudo entre si, interagindo muito menos com os tutores. A força da rede de monitores, mais uma vez, fica evidente na relação entre si, na vontade de conversar com outros monitores, formando um grupo que tem muito mais a dizer por aquilo que vivem e fazem. Já quando baixamos para acima de 10 conexões, a rede entra em outro momento, com uma maior mistura de tutores e monitores. A hipótese é que nesse momento começa a atuar de fato as estratégias de tutoria e acompanhamento da formação via esse sistema de mensagem online.


Uma conclusão importante, pra mim, desse processo todo: temos dois movimentos de formação de rede caminhando juntos. Um diz respeito do encontro entre monitores, mais espontâneo, motivado por elementos que fogem totalmente ao controle, ao esperado, ao programado da formação. Esse movimento atrai menos pessoas, mas surge com mais força na centralidade da rede. Outro diz respeito do encontro entre tutores e monitores, motivado pelo desenvolvimento da formação, pelos papéis a serem cumpridos, pelos objetivos do curso a serem desenvolvidos. Esse movimento atrai mais gente, pois tem direcionamento direto com a comunicação e acompanhamento do curso. No entanto, é menos central.

Os dois movimentos caminham juntos, se sobrepondo, se constituindo como diferentes interfaces e planos de conversação que funcionam tudo junto-misturado. Um movimento leva ao outro e assim segue uma certa dança que é apenas mais uma forma de retratar a beleza dos diferentes movimentos da própria vida: formal e informal, espontâneo e proposto, livre e pautado. A rede, como reflexo do que somos, não seria diferente.... Será?

2 comentários:

Ricardo Poppi disse...

Mto legal Dalton, fiquei pirando se as linhas conseguissem indicar algumas categorias a partir de uma análise qualitativa das conversas entre os nós! Abcs!

Dalton Martins disse...

ricardo,

bacana a ideia sim.
creio que é possível experimentar algo nesse sentido. Tu tem feito alguma experiência assim?

abs