quarta-feira, 31 de março de 2010

Algumas anotações sobre a "A Árvore do Conhecimento" - Maturana e Varela

O ano passado retomei o contato com o trabalho do Humberto Maturana através do livro Habitar Humano. Já conhecia o trabalho dele pelos toque que o Fritojf Capra fez no livro Teia da Vida. O Habitar Humano mexeu muito com algumas compreensões que tinha a respeito das conversações e a respeito da forma que fazemos rede. Há duas semanas atrás voltei para reler o livro e achei mais interessante e mais forte ainda do que a primeira leitura. Foi impactante o suficiente para retirar da estante a primeira obra do Maturana, ainda com o Francisco Varela, A Árvore do Conhecimento.

Comecei no final de semana. Sábado de retiro e meditação. As páginas foram fazendo cada vez mais sentido quando contextualizado com tudo aquilo que venho pesquisando sobre redes sociais, sobre complexidade de sistemas e sobre pensamento complexo. Parecia incrível que estava ali, à disposição, tantas idéias fundantes e claras a respeito de como conhecemos, de como interagimos e de como nos relacionamos pela linguagem a partir de nossa estrutura biológica. Terminei hoje pela manhã o livro. Vindo trabalhar e me sentindo tocado por aquilo, como se fizesse um sentido ancestral e como se fosse necessário repensar todo o meu fazer no que toca as práticas e formas de atuar. Além do campo do trabalho, o campo da conversa, do agir e interagir em rede, do se relacionar em qualquer âmbito e espaço de interação. O desejo ficou de anotar algumas idéias chave por aqui para poder ir retomando e registrando a forma que vejo e sinto a respeito disso tudo.

Algumas idéias do livro:

  1. afirmamos que, no âmago das dificuldades do homem atual, está seu desconhecimento do conhecer. (pág. 270);
  2. cegos diante dessa transcendência de nossos atos, pretendemos que o mundo tenha um devir independente de nós, que justifique nossa irresponsabilidade por eles. Confundimos a imagem que buscamos projetar, o papel que representamos, com o ser que verdadeiramente construímos em nosso viver cotidiano (pág. 271);
  3. qualquer coisa que destrua ou limite a aceitação do outro, desde a competição até a posse da verdade, passando pela certeza ideológica, destrói ou limita o acontecimento do fenômeno social. Portanto, destrói também o ser humano, porque elimina o processo biológico que o gera. Não nos enganemos. (pág. 269);
  4. a esse ato de ampliar nosso domínio cognitivo reflexivo - que sempre implica uma experiência nova - , podemos chegar pelo raciocínio ou mais diretamente, porque alguma circunstância nos leva a ver o outro como um igual, um ato que habitualmente chamamos de amor. (pág. 268);
  5. se sabemos que nosso mundo é sempre o que construímos com os outros, cada vez que nos encontrarmos em contradição ou oposição com outro ser humano com qual desejamos conviver, nossa atitude não poderá ser reafirmar o que vemos do nosso próprio ponto de vista. Ela consistirá em apreciar que nosso ponto de vista é o resultado de um acoplamento estrutural no domínio experencial, tão válido quanto o de nosso oponente, mesmo que o dele nos pareça menos desejável. (pág. 267);
  6. o conhecimento do conhecimento obriga. Obriga-nos a assumir uma atitude de permanente vigília contra a tentação da certeza, a reconhecer que nossas certezas não são provas da verdade, como se o mundo que cada um vê fosse O mundo e não UM mundo que construímos juntamente com os outros. (pág. 267);
  7. a estrutura obriga. Por sermos humanos, somos inseparáveis da trama de acoplamentos estruturais tecida por nossa permanente "trofolaxe" linguística. A linguagem não foi inventada por um indivíduo sozinho na apreensão de um mundo externo. Portanto, ela não pode ser usada como ferramenta para a revelação desse mundo. Ao contrário, é dentro da própria linguagem que o ato de conhecer, na coordenação comportamental que é a linguagem, faz surgir um mundo. Percebemos um mútuo acoplamento linguístico, não porque a linguagem nos permita dizer o que somos, mas porque somos na linguagem, num contínuo ser nos mundos linguísticos e semânticos que geramos com os outros. Vemo-nos nesse acoplamento, não como a origem de uma referência nem em relação a uma origem, mas como um modo de contínua transformação no devir do mundo linguístico que construímos com os outros seres humanos. (pág. 257);
  8. a coerência e a estabilização da sociedade como unidade se produzirá, dessa vez, mediante os mecanismos tornados possíveis pelo funcionamento linguístico e sua ampliação na linguagem. Essa nova dimensão de coerência operacional é o que experimentamos como consciência e como "nossa" mente. (pág. 255).
 Certamente, tem muito, mas esses tópicos principais chamam muita a atenção para um fazer que inclua essa dimensão cognitiva do outro como modus operandi.

 Nossa autopoiesis cria camadas a partir do aumento de complexidade de nosso sistema neural. A linguagem surge como deriva desse aumento de complexidade. Na relação com outro, as múltiplas possibilidades do linguajear surgem e com elas a capacidade de reflexão. Surge a mente e a consciência como possibilidade complexa de conectividade de nosso sistema neural. A possibilidade de linguagem é derivada de acoplamentos estruturais no domínio semântico da forma como descrevemos nossas coerências operacionais. É uma camada abstrata que surge e que podemos interagir por ela (isso certamente tem a ver com a idéia de websemântica do Levy). Considerar o domínio cognitivo reflexivo do outro é expandir o próprio domínio, aumento o campo de complexidade em que podemos navegar e enxergar...

E o que isso tem a ver com as redes sociais? e com ativação das redes? Hummm.... Será? ;-)

terça-feira, 30 de março de 2010

uma reflexão sobre processos de formação e telecentros como espaços relacionais

Vemos o espaço do Telecentro como um espaço de relações, um espaço ocupado por papéis que vão ser exercidos e mutuamente realimentado: o monitor e os usuários. Formar, capacitar, no nosso entendimento, é criar um contexto, um espaço reflexivo que permita visualizar esses papéis apenas como transitoriedade momentânea do nosso fazer coletivo, é auxiliar a transpor esses papéis para um campo de escuta e conversa que se manifeste como possibilidade de aprendizagem consciente em nosso cotidiano.

Workshop sobre processamento e visualização de imagem

Bem legal a iniciativa da FAPESP e das universidades estaduais aqui em SP de montarem um workshop para estudantes de pós-graduação na área de processamento e visualização da informação, que é tão interessante e ao mesmo tempo ainda tão pouco explorada.

Como esse tem sido um tema transversal de estudo nos útimos tempos, vou me inscrever para ver se rola de participar com os manos feras na pesquisa por aqui. Quem sabe não dá para sacar algumas dicas bacanas sobre como trabalhar esse universo tão complexo de informação que é a nossa própria ecologia de auto-conhecimento.

No próprio anúncio do workshop dão uma boa dica sobre um livro de Visualização de Dados. Vou ali tentar baixar o pdf para conferir.... ;-)

Dica de um curso online sobre Análise de Redes Sociais

Um curso bacana, bastante introdutório ao tema, mas apresenta alguns exercícios interessantes e princípios fundamentais para quem tá afim de se aprofundar na área.

É interessante ver que o curso é de uma universidade particular no Brasil, mas que tá usando o espaço do Open Learn - LabSpace

segunda-feira, 29 de março de 2010

Comunicação viral

O processo de inovação, muitas vezes, ocorre em ondas, quando os ambientes social e econômico sincronizam-se em torno de uma oportunidade criada pela tecnologia. Isto ocorreu na década de 1930, com o telefone, na década de 1950, com o automóvel, e na década de 1980, com o computador pessoal. O setor de comunicações está face a uma ruptura semelhante. Assim como no passado, gigantes verticalmente integrados, amarrados a tecnologias e serviços centralizados ou de grande porte, estão sendo suplantados por novatos armados com novas idéias sobre propriedade individual, adoção incremental e rotatividade instantânea. A tecnologia permite esta mudança, tornando a inteligência local mais barata; a sociedade transforma esta capacidade em algo que lhe é útil; o potencial para investimento econômico difuso estimula novas opções. …As empresas podem tornar-se bem sucedidas utilizando pesquisa para “enxergar por detrás dos cantos”, invés de simplesmente seguir sempre adiante.

Introdução do Programa Viral Communications do MIT-Media Lab, dirigido por Andrew Lippman e David P. Reed,

sexta-feira, 26 de março de 2010

Experiências com Bibliotecas e Redes Sociais

Bacana esse texto, mostrando como algumas bibliotecas estão se virando para mudar de paradigma de acesso para espaço de convivência e conversa.


Algumas referências sobre redes complexas

Essa semana, teve uma discussão interessante na lista do MetaReciclagem sobre matemática e redes complexas. Apareceu alguns caldos que podem ser bacanas conferir com calma.

Anotando por aqui para não esquecer e olhar com mais calma depois.

Redes Complexas!

quarta-feira, 24 de março de 2010

À espera dos Bárbaros

O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?


É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.

Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?


É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.


Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?


É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.

Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.


Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?

Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.


Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução. 


Alexandria de Kafávis. Tradução de José Paulo Paes.

Lavando a louça - da Série Daniel San Urbano

"Há duas maneiras de lavar a louça: a primeira é para se ver livre da louça suja; e a segunda, lavar por lavar".
 
"Se ao lavarmos a louça ficarmos com o pensamento voltado apenas para a chícara de chá que saborearemos a seguir, a tarefa se torna um fardo. Procuraremos automaticamente limpar a louça às pressas para nos livrar da chateação, e não estaremos "lavando por lavar". Mais, não estaremos vivos durante o tempo em que a estivermos lavando. Estaremos na verdade incapazes de reconhecer o milagre da vida enquanto à beira da pia. E se não somos capazes de lavar a louça por lavar, é pouco provável igualmente que possamos saborear o chá a seguir, pois então também estaremos com o pensamento voltado para outras coisas, inconscientes do fato de que temos uma xícara nas mãos. Dessa forma, estaremos sendo sugados para fora da realidade presente - e incapazes de viver em totalidade um minuto sequer".
 
 
 
In “Para Viver em Paz - O Milagre da Mente Alerta, 26a. Edição, Editora Vozes".

segunda-feira, 22 de março de 2010

Dos afetos e redes semânticas

Uma carta.
Um amigo.
Uma rede.
Novas formas de visualizar afetos...




E as palavras que se articulam compondo a manifestação do que se vive enquanto se escreve:

Conectando linguagem, redes semânticas e estruturas dissipativas

Comecei a brincar com visualização de Redes Semânticas por aqui na semana passada, depois que voltei da CIRS. A brincadeira foi tomando gosto e fiquei um tempo pensando em que esse tipo de coisa poderia ser útil para alguns dos tópicos que venho estudando ultimamente. Duas visões de aplicação disso ficaram evidentes e me parecem que vale a pena dedicar um tempo analisando as possibilidades:
  1. Utilizar a visualização de Redes Semânticas em processos com grupos que compartilham documentos que acabam por ser mediadores de seu fazer coletivo, enquanto reunidos nesses grupos. Por exemplo, grupos de trabalho que aplicam procedimentos de um determinado manual, pesquisadores que utilizam determinadas obras de referência, atendentes de campo e de suporte, etc. A idéia seria coletar esses documentos de referência e analisar a visualização de sua rede semântica. A partir disso, apresentar a visualização como uma forma de biofeedback para o grupo e trabalhar, a partir da perspectiva da relação, as diferentes compreensões e as diferentes formas de enxergar os mesmos conceitos. Acredito que isso poderia ser bem rico como material meio para que possamos compartilhar como nossa mente vê o que vê da forma como vê.
  2. Utilizar a visualização de Redes Semânticas em processos ditos "terapêuticos". A idéia de fundo aqui é coletar depoimentos de pessoas a respeito de questões que lhes interessam ou que gostariam de aprender mais sobre si mesmas. Construir a visualização da Rede Semântica e analisar as conexões, as relações entre conceitos, buscando questionar por que aparecem como aparecem e que tipo de rede estamos construindo como nosso modelo mental de pensamento a respeito daquele tema. Será que podemos mudar nossas redes? Será que visualizarmos essas redes pode nos ajudar a conscientizar melhor as estruturas de linguagem que utilizamos para pensar e dar forma a nossa consciência?
  Certamente, imagino que outras possíveis aplicações possam surgir desses primeiros experimentos.
 O que me parece interessante é que acabamos tendo a mão todo o ferramental técnico de análise de redes para brincar com essas visualizações, como encontrarmos termos hubs de nossas próprias redes interiores. Humm....

A base dessas relações está pautada por algumas conexões interessantes que vão dando o caminho das pedras:
  • a nossa linguagem tradicional acaba por nos aprisionar um fragmentado modelo de vida. A estrutura sujeito-predicado acaba por modelar nosso pensamento, nos fazendo pensar em tudo em termos de causa-efeito;
  • a Teoria de Prigogine sobre estruturas dissipativas nos ensina que a estrutura de um sistema é mantida por uma contínua dissipação de energia. Essas estruturas podem também ser descritas como integridades flutuantes e são altamente organizadas, mas estão sempre em processamento. Quanto mais complexa é uma estrutura dissipada, mais energia se faz necessária para manter todas as conexões, dessa forma, ela é mais vulnerável às flutuações internas. Podemos usar essa forma de ver as coisas para entender como as estruturas dissipativas podem muito bem ligar os padrões dinâmicos do cérebro às transições da mente. Psicotecnologias podem propor uma flutuação possível nesses padrões, levando o sistema a um nível maior de complexidade e reorganização, possibilitando a dissolvência de determinados padrões.
 Será que utilizarmos a visualização de Redes Semânticas para deixar explícito a forma como utilizamos nossa linguagem para expressar o vemos  pode nos ajudar a dissolver e reorganizar de uma forma mais dinâmica nossas estruturas dissipativas mentais? Será que isso serviria como uma forma de nos conhecermos? Seria a rede uma tecnologia do espírito? ;-)

Um ponto de vista sobre bem e mal

"Sob o ponto de vista convencional, existe o bem e o mal. Este é um ponto importante. Sob o ponto de vista convencional, o Budismo não vai negar o bem e o mal, vai considerar que essa noção é verdadeira. Mas vai dizer também que, sob o ponto de vista absoluto, sob uma visão última, não há um centro do mal. O que existe, sob o ponto de vista absoluto, é a compreensão de que a nossa natureza ilimitada não pode ser afetada pelas circunstâncias que afetam nossas identidades e nosso corpo. Portanto, sob o ponto de vista da natureza última, não há nada que nos derrube, nos afete, nos destrua. Olhando em qualquer direção, não vamos localizar uma origem do mal, vamos ver apenas uma natureza ilimitada vitoriosa, que não pode ser atingida."


In “O Aprofundamento da Meditação Silenciosa e Contemplativa”, retiro em ABR2005, CEBB-SP, São Paulo

terça-feira, 16 de março de 2010

Experimentando uma Rede Semântica

O lance de pesquisar a visualização da informação abre inúmeros caminhos de ferramentas, algoritmos e técnicas que podem ser testadas em diferentes contextos.
O meu contexto tem sido o das redes, ou seja, buscar visualizar informações de relacionamentos através da composição estrutural das redes.

Uma rede semântica, segundo a Wikipedia é: "Uma rede semântica é uma forma de representação do conhecimento definida como um grafo direcionado no qual os vértices representam conceitos, e as arestas representam relações semânticas entre os conceitos. Elas são consideradas uma forma comum de um dicionário legível por uma máquina."

O interessante aqui é que esse tipo de visualização ajuda a percebermos um tipo de mapa mental do autor que produz o texto. Além disso, dá para expandir esse tipo de experiência para visualizar redes semânticas de fóruns de comunidades, posts de blog, feeds de redes sociais, enfim, dá para visualizar a estrutura de relação em rede das construções cognitivas das comunicações. 

A imagem abaixo eu fiz pegando o texto de uma blogada sobre As redes da inteligência coletiva do Pierre Levy:


 O próximo dessa brincadeira é puxar um feed de uma conversa em rede e ir vendo o que saí.

sexta-feira, 12 de março de 2010

A novidade tá conexão

Ontem, fiz um post rápido por aqui para anotar algumas das coisas bacanas que estou vendo aqui no evento CIRS.

Camarada de estrada, ff, comentou o post provocando que o novo não era tão novo assim. Se pegar na unidade do que tá ali, ele tem razão. Nenhum grande novo software, nenhuma nova metodologia, nenhuma apresentação inusitada. Mas, nas conversas de bastidores, nas rodas de café e almoço do evento, ver como as pessoas estão usando e aplicando aquela lista de softwares que citei no post anterior é algo que realmente tem ouro ali. Ou seja, a novidade num tá no The Brain, mas tá nas formas que as pessoas estão se apropriando do The Brain para construir sentido e dar visualização compartilhada de sua visão mundo.

Aquela coisa de apropriação de tecnologia, documentação, compartilhamento e tals.... Papo das antigas, com boas surpresas por aqui. Onde estão essas surpresas?

  1. Usar The Brain para fazer mapeamento sistêmico de conceitos, a partir de rodas de conversação e feeds web;
  2. Usar Ora e Automap para visualização de redes e para gerar metaredes a partir de novas camadas de leitura dos dados de interação. Usar isso a partir de feeds e de mashups web, abre alguns canais interessantes para documentar e visualizarmos os projetos que estamos fazendo;
 começa por aqui e vem mais depois...
 Os softwares são camadas e a apropriação vai construindo sentidos para a tecnologia social. Simbora?

quinta-feira, 11 de março de 2010

Visualização, produção de sentidos e consciência

Dia interessante aqui na CIRS.
Não tanto pela programação oficial, que vou comentar mais tarde num post por aqui, mas sobre as conversas com várias pessoas bacanas. Povo gente boa, que temos trabalhado em paralelo ao longo dos últimos anos e que, tendo tempo, percebemos o quanto de semelhança e o quanto estamos buscando respostas para questões que perseguimos.

Bem, deu para coletar alguns bons links por aqui que podem inspirar novas possibilidades de visualização da informação, além de nos ajudar a perceber como produzimos nossos sentidos de grupo e como enxergamos uma parte do invisível do que estamos fazendo coletivamente:

quarta-feira, 10 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

rascunhando idéias sobre frequência, ressonância, redes e mente

  • A mente produz frequências de vibrações ressonantes nas estruturas internas que são ativadas devido aos seus padrões de pensamento;
  • Os padrões de pensamento estão relacionados a rede que é ativada no cérebro, ou seja, as áreas que são rapidamente conectadas pelo pensamento que vibra;
  • Sintonizamos vibração em toda a natureza. Vida é vibração rítmica do corpo. 
  • A vibração de cada objeto tem relação com sua forma e estrutura física;
  • A vibração do cérebro pode ser variável devido a sua característica de ativar diferentes áreas para diferentes pensamentos, ou seja, a cada tipo de pensamento damos uma forma ao cérebro. essa forma muda, ou não, pela dinâmica de pensamentos. Isso vai deixando rastros e enrijecendo determinadas áreas com o passar do tempo e a prática, ou não, da flexibilidade e adaptação a diferentes padrões e formas;
  • Sistemas sociais humanos reverberam isso de variadas formas;
  • As redes sociais deixam rastros nos sistemas de informação que são utilizados para suas conexões. Esses rastros são indícios da projeção dessas vibrações em nossas relações humanas. 
  • A forma que podemos detectar isso tem a ver com a forma que escolhemos nos visualizar, a forma que escolhemos perceber o que estamos construindo juntos;
  • Acoplamos a determinados padrões conforme nossa estrutura e tipo de interesse, que acaba por determinar e influenciar na estrutura física, ressoando com mais força determinadas frequências;
  • Esse é um processo extremamente sutil, permitindo uma ampla gama de formas e de pensamentos que circulam;
  • A grosso modo essas estruturas são mapeadas em diversos sistemas que ajudam a visualizar como essa modelagem de mente é construída: astrologia e eneagrama dão pistas sobre isso;
  • Entender como influenciamos nisso e podemos atuar sobre nossos próprios padrões consiste num processo de ampla tomada de consciência sobre o que estamos efetivamente fazendo com nossa própria estrutura física;
  • Essas frequências de vibração não estão apenas nos humanos, estão em todas as coisas da natureza. Nós temos a capacidade de captar e dar forma através dos pensamentos para isso. Enfim, tudo ligado.
 pode fazer sentido ou não. apenas um rascunho de estudo para não perder pontos importanes... ;-)

Cérebro, mente e nossa estrutura vibracional em rede

Um estudo do início do ano passado apresentou uma nova técnica de mapeamento cerebral, demonstrando que a estrutura de funcionamento da mente não é tão regionalizável quanto se esperava. O estudo mostra que as estruturas cerebrais funcionam por conexão em diferentes partes, formando padrões de pensamento que ressoam por essas regiões.

O interessante é que essa visão em rede oferece novos aportes analíticos de percepção do funcionamento da mente.

A questão que me interessou aqui é o quanto esse padrão de vibração em rede também não é refletido nas relações interpessoais. Será? O quanto essas ondas ressoam e formam clusters de agregação e relacionamentos? O quanto percebemos isso?

A rede das estruturas:

segunda-feira, 8 de março de 2010

Algumas dicas sobre prática de meditação

Encontrando partes do quebra cabeça - Mente em vida

Googlando no domingo, depois de estudar um pouco redes, achei esse trabalho fantástico do Varela a respeito de mente e consciência. O livro tá esgotado em português e to tentando conseguir uma cópia em inglês.
Mas, avançando nas pesquisas para tentar o arquivo online do livro, encontrei uma atualização dele que eu nem sequer imaginava e nunca tinha ouvido falar do trabalho: Mind in Life.

Dei uma olhada nos tópicos do livro e na introdução no Google Books e realmente me pareceu que traz algumas respostas significativas para a relação entre mente e consciência, a partir da relação com o corpo. Tudo a ver com os processos de estudo na meditação. Esse último tem o link para baixar uma versão scaneada.

Mais uma parte vai se compondo...

domingo, 7 de março de 2010

Descobrindo a relação centro-periferia numa rede

Grandes massas de dados representando diversas formas de interação acabam por formar redes muitos participantes e diversos links entre eles. Estudar os componentes (subredes) que estão presentes nessas redes é uma forma bastante interessante de dividir o número total de interações que coletamos e de observar como essas estruturas se organizam e como influencia a organização do sistema como um todo.

É a partir daqui que as coisas começam a ficar interessantes do ponto de vista da análise.
Uma rede que pode ser chamada de small world tem duas características fundamentais:
  1. alto nível conexão em clusters, ou seja, diversos grupos na rede bem conectados interligados por articuladores entre os grupos;
  2. um caminho curto de ligação entre os extremos da rede, ou seja, é relativamente fácil de um ponto da rede conseguir se conectar com outro. 
Small world é a Internet e diversas redes online que os pesquisadores têm estudado desde os idos de 2001.

Algumas das redes que tenho utilizado para inspirar os estudos e conseguir aplicar diversas dessas técnicas apresentam algumas características interessantes nesse sentido. No entanto, essas redes apresentam alguns componentes de rede que não estão conectados em small world, formando pequenos guetos na rede. Esses guetos, ao meu ver, representam contribuições esporádicas num sistema de informação, algo como quem está de passagem num determinado território e deixa sua marca registrada num livro de viagens. Ele não vive naquela paisagem, logo, não se envolve nos detalhes do que acontece e tão pouco nas questões mais relevantes daquele grupo. Posso, é claro, estar enganado, mas é o que tem me parecido nesses primeiros estudos.
Certamente, viajantes e pessoas que se interessam superficialmente por diversos temas existem e vão sempre continuar existindo. As redes refletem isso e os guetos pode mostrar como alguns desses viajantes contribuem com algo de seu contexto mas com baixo acoplamento nos temas de uma quente de uma rede. Estudar os "viajantes" é um tema que pretendo trabalhar no futuro, mas por hora, meu interesse está voltado para esse núcleo que forma o centro da rede.

Existem duas formas de detectarmos componentes (achei uma boa definição de tipos de componentes aqui) em uma rede a partir de estrutura organizacional, ou seja, de como o desenho da rede está organizado. São:
  • componente fraco: representa um componente onde todos os pontos de uma rede estão ligados, mas a direção em que essa conexão não importa. Ou seja, não importa quem direciona a conexão, importa apenas que existe uma conexão entre dois pontos. Normalmente, essa conexão fraca nos permite encontrar o small world de nossa rede.
  • componente forte: representa um componente onde a direção da conexão é fundamental. Todos os pontos nesse componente podem atingir todos os outros respeitando a direção das conexões.
 Em muitas redes, podemos encontrar um componente fraco que contém um componente forte. Esse tipo de relação acaba condicionando uma estrutura de conexão centro-periferia, onde o componente forte assume o papel de centro e os demais pontos da rede a periferia. Estudar isso, depende muito do contexto da rede, de como os dados são coletados e do que queremos investigar nessa relação. Fiz alguns experimentos com a rede que estou trabalhando do projeto Univerciencia.org, para mostrar os aspecto e as relações entre essas estruturas. Alguns resultados:
  •  Rede completa: 709 pesquisadores;
  • Componente fraco: 595 pesquisadores - 83,9% (small world). (os outros formam os guetos da rede);
  • Componente forte: 92 pesquisadores - 12,9% (centro da rede). É interessante notar que esse número condiz com vários outros estudos que já havia lido sobre o centro da rede variar entre 10-15% de participantes totais. Cheguei a estudar um tempo isso relacionado ao índice de participação em comunidades de prática, comunidades online e por aí vai. Seria essa uma relação que determina do total de participantes em um tema os que observam e dos que se engajam?
Segue as imagens das redes:

Rede completa
 


 Componente fraco
 

Componente forte

sábado, 6 de março de 2010

Mapeando os principais pesquisadores em Análise de Redes Sociais

O estudo da análise de redes sociais tem sido um processo divertido por várias razões. Não só a questão de conseguir desenvolver um novo olhar para o tipo de projeto e de ativismo que me propus a fazer desde os idos de Metáfora, mas o descobrir de estruturas de pensamento desenvolvidas nas ciências sociais que acabo por achar interessantes e condizentes com a forma que também vejo as coisas.

Ocorre que venho já a alguns anos pesquisando artigos, livros, pesquisadores na área. Tem muito aventureiro por aí, gente que acaba escrevendo os mesmos temas requentados, dando um ar de novidade e vendendo milhões de livros que acabam por efetivamente contar mais do mesmo. Resolvi fazer um mapeamento inicial, bastante simples, mas linkando os principais pesquisadores que desenvolvem trabalhos que considero sérios do ponto de vista científico. Aí vai:

  1. Ronald Burt: pesquisador da Universidade de Chicago. Trabalha com foco bem estrutural, sendo o criador dos principais desenvolvedores do conceito de papéis estruturais na rede. Foi um dos criadores da visão do capital social como sendo articulado pelas relações dos brokers e seus respectivos posicionamentos em rede. Os principais trabalhos dele, inclusive de 2010, podem ser baixados aqui!
  2. David Krackhardt: pesquisador da Carnegie Mellon. Seu trabalho é focado na relação das estruturas de rede e as organizações humanas. Propõe algumas tipologias para o estudo de redes e analisa diferentes formas que ações poderiam ser feitas para ativar colaboração em redes. Seu trabalho amplia a idéia simplista de que se ativa uma rede apenas ampliando a quantidade de links entre as pessoas. David mostra como isso pode ser efetivo ou um problema em determinadas situações, propondo que ações periféricas estruturais possam ser desenvolvidas de formas mais interessantes. Os principais trabalhos dele podem ser encontrados aqui!
  3. Rob Cross: pesquisador da Universidade de Virginia. Foi um dos criadores do conceito de análise de redes organizacionais. Ele aplica os métodos tradicionais de análise de redes em projetos em empresas, criando várias taxonomias de classificação e dicas, algumas interessantes outras nem tanto, sobre pequenas ações que podem ser tomadas no dia-a-dia para melhorar ações em rede. Seu foco é essencialmente empresarial, logo, precisa fazer um filtro grande em algumas coisas que ele coloca, pois podem ser bem questionáveis do ponto de vista de um projeto com uma visão mais social do mundo. Tem dois livros publicados que são interessantes, inclusive um que acabou sendo lançando em português no Brasil. Uma das publicações que achei mais interessante dele tá acessível aqui!
  4. Steve Borgatti: pesquisador da Universidade de Kentucky. Pesquisa redes do ponto de vista estrutural, relações culturais e gerenciamento do conhecimento. Foi um dos criadores do Netdraw e do Ucinet, dois dos principais softwares para análise de redes, principalmente para quem tá começando a fazer os primeiros experimentos. Suas publicações estão aqui!
  5. Linton Freeman: pesquisador da Universidade da California. Um dos mais antigos pesquisadores da área, partitcipou das principais descobertas estruturais e ajudou a desenvolver os principais métodos de pesquisa. Tem um livro bem interessante que conta a história da análise de redes sociais. Vale a pena conferir. Suas principais publicações podem ser encontradas aqui!
  6. Barry Wellman: pesquisador da Universidade de Toronto. Além do estudo de análise de redes sociais, Barry estuda também cultural digital e a os efeitos da cultura das redes no meio social. Tem um trabalho de pesquisa interessante chamado Conected Lifes, onde a partir de um questionário aplicado a 350 moradores da cidade de  Toronto, estudou as relações de mudanças sociais a partir da cultura das redes.
Uma boa lista de artigos e trabalhos de referência para quem tá afim de entrar na área é essa aqui! Certamente, é muita coisa e por isso recomendo dar uma boa olhada nesses 6 que cito acima.

 Agora, se o objetivo é aprender os conceitos básicos e conseguir usar uma boa ferramenta de visualização e análises de redes para rapidamente conseguir aplicar isso em projetos e experimentos, realmente recomendo esse livro: Exploratory Social Networks Analysis with Pajek. O livro é relativamente curto, tem 280 páginas, e ensina os principais métodos de pesquisa, fazendo uma rápida revisão teórica dos conceitos, já partindo para como aplicar isso usando o software Pajek. Devorei o livro em 10 dias, rodando os exemplos que ele inclui no site. Literalmente, foi um salto de compreensão do que dá para fazer e de como podemos olhar para os nossos projetos de uma forma um pouco mais interessante.

Enfim, certamente tem muito ouro de pesquisa, compreensão e visão de mundo nas bases de dados dos sistemas que temos ajudado a criar ao longo desses anos. O que fazer com isso, como dar visibilidade a isso e como contar essa história é uma questão de ponto de vista e de preferência pessoal. Fui!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Organizando o pensamento

Sou capricorniano com ascendente peixes e mercúrio em sagitário.
Mente tipicamente que gosta de estruturação, que gosta e se diverte com as múltiplas possibilidades de organização do pensamento, de sistematização de idéias, mas, principalmente de idéias que possibilitem ver o todo, entender o sistêmico, o dinâmica e o fluxo da unicidade. É lado peixes saindo um pouco da água e respirando ares terrenos de capricórnio.

Vim trabalhar pensando nisso e faço uso da astrologia apenas como linguagem simbólica para expressar de forma mais suscinta o que sinto que venho buscando com meus estudos dos últimos tempos.

A pergunta que me fiz foi: Por quê eu gosto tanto de estudar análise de rede? Por quê to gostando tanto dessa visão que esses algoritmos, que essas estruturas estatísticas de análise me permitem? Mas, ao mesmo, gosto demais e me interesso muito pelo estudo das dinâmicas de conversação, de metodologias essencialmente aplicada pelos tradicionais das áreas mais humanas, onde todo mundo com todo mundo potencializa a inteligência coletiva e se coloca efetivamente a serviço de algo maior. Por quê?

Bem, a astrologia tem ajudado a responder isso e a entender os efeitos dessas correlações de mente.

A compreensão é fina, sutil, divertida e prazerosa. Organizar o pensamento em torno disso é dar mais nitidez as próprias tendências e potencializar a própria força da onda interna. Longe de querer controlar isso, regular, bem longe disso... Mas, perto de si mesmo, na singularidade e unicidade do indizível.

Dessa forma, dando-se os trâmites por findos, os estudos e as pesquisas focam e devem ficar cada vez mais, na relação entre:

  1. Como entender, visualizar e analisar a estrutura formada pelas conexões humanas através da análise de redes sociais. As respostas obtidas aqui tem por objetivo ajudar a contar histórias de como podemos nos organizar de forma diferente das tradicionais que fomos culturalmente treinados para. Mas, precisamos perceber isso, contar histórias disso, mostrar que é possível;
  2. Como atuar nas interações de forma a aproveitar o melhor do fluxo coletivo através das dinâmicas presenciais de conversação. É estudar, praticar e sentir como alguns contornos simples de formas de se conversar pode potencializar a inteligência coletiva, apenas permitindo que possamos admirar o quão além de nós mesmos podemos ir simplesmente quando nos permitimos e criamos espaço interior para isso;
  3. Como a mente cria formas e estruturas estáticas de pensamento que acabam por nos engessar, nos levando a enrijecer a visão de mundo, nos deixando inaptos para o inesperado, o impermanente, o novo possível por reinventar a própria forma.
Sim, são tópicos, mas que se relacionam e podem se relacionar o tempo todo. Compondo e recompondo a alegria de brincar.... ;-) Antes que eu esqueça, acho que isso é minha metareciclagem nesse momento...

quarta-feira, 3 de março de 2010

além do materialismo espiritual

"Se pudermos ir ao encontro do momento presente (tendrel) da coincidência presente tal como ela se apresenta, desenvolvemos enorme confiança. Começamos a ver que ninguém está manipulando a situação para nós, mas que podemos lidar com ela sozinhos. Desenvolvemos um sentido enorme de espaço, porque o futuro está completamente disponível."

Chogyan Trungpa

metaárvores e seus frutos

pensando em como organizar um projeto de oficinas para um aliado metarec

perguntas que podem inspirar!

O que queremos fazer?
 Como queremos fazer?
 Que tipo de material precisamos para fazer?
 Que custo teremos para fazer isso?
 Como iremos avaliar o resultado do nosso trabalho?
 Como podemos conseguir recursos para bancar isso?
 Quanto tempo durará cada oficina?
 Como iremos documentar os resultados?