Fui convidado para fazer uma conversa/aula ontem a noite sobre analise de redes sociais pelo amigo e companheiro de jornada Luiz Algarra, la no curso de Design de fluxos de conversaçao que ele e Gil Giardelli estao ministrando na ESPM.
A pegada que o Algarra ta propondo no curso e´ um passeio pelos conceitos do Humberto Maturana aplicados nas relaçoes humanas no que consiste fazer redes e sua relaçao com os sistemas sociais humanos. Angustia geral, dado que vivemos tempos onde todo mundo esta buscando as ultimas tendencias nas redes sociais, as ultimas oportunidades, as ultimas tecnologias, os melhores indicadores e como surfar ondas de viralizaçao e contagio social buscando atingir "bons" resultados nas redes.
Acontece, que as coisas pensadas dessa maneira transformam as redes humanas em objetos que podem ser controlados pela melhor estrategia ou metodologia da vez. De fato, as coisas parecem nao funcionar assim, mesmo que continuemos tentando, buscando formas e modos de obter os resultados que queremos.
As organizaçoes humanas sao muito mais complexas do que nosso modo tradicional de pensar pode lidar. Elas tratam diretamente do querer das pessoas, de seus modos de ver o mundo, de suas maneiras de se colocar, de sua historia, de suas perspectivas e de suas continuas escolhas. A unica forma de encontrarmos caminho por entre esse universo de complexidade e´ conversando sobre isso, criando pontos de contato, verdadeiros pontos de um do-in atropologico, onde as pessoas possam se manifestar, se olhar, entender diferentes pontos de vista e consigam construir novas interpretaçoes e elaboraçoes daquilo que lhes incomoda, o que lhes convoca a açao e o que lhes chama atençao.
As metodologias, os mapas, os indicadores e as tecnologias em geral tem um papel importante nisso tudo, sem duvida. Sao ferramentas de trabalho, mas nao podem se tornar o foco da açao. Sao instrumentos que podemos lançar mao, vez ou outra, para facilitar aberturas de conversa, para facilitar visualizarmos aquilo que estamos construindo juntos, para dar possibilidade de fazermos um design coletivo naquilo que a partir de entao conseguimos visualizar. No entanto, muitas pessoas estao entendendo as metodologias e ferramentas como se fossem a resposta que precisam para seus problemas, gastando seu tempo e recursos tentando adapta-las ao seu contexto e tentando obter resultados que outros obtiveram, mesmo que tenham vivenciado mundos muito diferentes.
Nesse sentido, as coisas sao mais simples do que parecem. No centro, as pessoas, em torno, multiplas formas e modos de conversarmos, auxiliados por diferentes tecnicas, ferramentas e representaçoes. Escolher por entre elas depende daquilo que queremos em conjunto e, sobretudo, depende de conseguirmos conversar sobre isso.
Deixo aqui o material que preparei para o encontro de ontem, que acabei de fato nem utilizando com o pessoal. Mas, foi fundamental para abrir a conversa e construir um espaço de contato.