A ideia toda gira em torno de como usamos os recursos online para nos conectarmos ao que efetivamente nos interessa, seja lá o que for. Com a explosão informacional que há décadas aumenta nossa entropia e o caos dos arranjos organizacionais dos dados, encontrar o comum e se conectar nas conversações que nos interessam é um desafio. Mais do que isso, relacionar conversações interessantes com "objetos/conteúdos" interessantes que são produzidos todos os dias na web não é tarefa fácil.
A capacidade de construção de comum é ampliada quando nos identificamos por causas, visões, ideias, abordagens e formas de pensar. Sistemas de informação, em geral, acabando virando silos de informação, dificultando, quando não impossibilitando a remixagem dos dados que são produzidos, gerados e articulados em espaços de conversação.
Remixar os dados é praticamente uma condição fundamental para permitir novas possibilidades de navegação na informação. A construção da relevância, mais do que a relevância dos links, é algo em que ainda engatinhamos na web. As bases de dados atuais e nossos sistemas mais comuns de construção de redes sociais são extremamente limitados nas possibilidades de remixagem de dados que permitem.
Limitar o remixa dos dados é limitar:
- novas possibilidades de serviços que sequer pensamos ainda;
- identificação de padrões e percepção de movimentos que emergem na rede, indicando tendências e dinâmicas que não poderiam ser percebidas de outra forma;
- transparência e liberdade;
- novas possibilidades de ativismo, que poderia reduzir a desinformação geral, produzindo sínteses, evidenciando movimentos políticos, dinâmicas de articulação e uso de recursos públicos, culturais.
Sem dúvida, podemos pensar em muitas outras possibilidades que o remix poderia ampliar o que podemos fazer hoje.
Há vários casos de aplicação de princípios da websemântica que buscam tratar algumas das questões acima. É interessante perceber usos como melhorias em sistemas de busca, caso do Yahoo, e mesmo o uso num sistema de interface com usuário, como é o caso do KDE 4.0.
No entanto, o que mais me chamou atenção e que vejo que vem bem ao encontro do que ando pensando nas últimas semanas é o projeto SIOC (Semantically-Interlinked Online Communities). A descrição da página do projeto o apresenta como sendo uma proposta de uma ontologia (um vocabulário) para representar dados de interações sociais na rede em formato RDF. A ontologia completa do SIOC tá disponível aqui! Veja abaixo como ela tá organizada:
Esse infográfico apresenta como os dados poderiam ser descritos. Por exemplo, um post X foi criado pelo usuário Y nos tópicos K e W, mais informações podem ser encontradas em www.url.exemplo.br e o post tem comentários que podem ser acessados em www.url.exemplo.br/comentarios1.
Há uma lista bem interessante de onde o SIOC tem sido usado. Em aplicações com o Twitter, Wordpress, Drupal e por aí vai. Para Drupal (veja aqui estatísticas de uso do módulo), o projeto permite a seguinte dinâmica:
Site -> host_of -> Forum -> container_of -> Post -> has_creator -> User
Posts have reply Posts, and Forums can be parents of other Forums.
Em tese, o isso significa? O que acontece no sistema de blogs e fóruns poderia ser descrito usando essa vocabulário. Teríamos a possibilidade de exportar metadados descrevendo essas relações, permitindo que diversos serviços de remixagem pudessem ser feitos, incluindo novas maneiras de navegarmos nesses dados e criarmos visualizações de tendências, emergência de comuns.
Segue aqui uma outra discussão bacana que rolou sobre isso na comunidade Drupal. Segue aqui um exemplo de como isso seria aplicado em RDF no Drupal 6.0:
A ontologia SIOC abre as conversações e as relações que são estabelecidas. Potencial enorme para diversas ações que poderíamos imaginar:
- produção de taxonomias de recursos em sistemas de informação que poderiam ser descentralizados, distribuídos e navegáveis a partir unicamente dos metadados;
- novos serviços de navegação nos metadados, gerando novas dinâmicas de visualização da informação;
- consulta estruturada aos metadados, permitindo a produção de filtros, índices e uso de toda a estrutura de bancos de dados para navegar nos metadados descentralizados.
E segue o trem que tá começando a ficar quente a picada na mata! ;-)
4 comentários:
interessante. bora implementar no site da metareciclagem? mas a gente não usa o forum, será que rola com outros nodetypes?
btw, tu conhece o lorea.cc?
http://lorea.cc/
bora implementar no meta sim! acho que pode ser uma experiência interessante... micro/meta pesquisas! ;-) rola com nodetype dos blogs, que creio serem os mais interessantes para o tipo de recursos que estamos utilizando.
bacana o lorea. não conhecia não, mas tem tudo a ver com a ideia por aqui. o fato de se criar :schemas pra isso é basicamente a ideia de se montar ontologias. feito isso, se houver interoperabilidade entre os sistemas, quase tudo é possível.
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