Conversa boa, só entre professores. Presente também o prof. José Moran, da ECA-USP.
A ideia do papo era tentar localizar um pouco melhor as discussões em torno do que de fato se torna um desafio nessa relação educação e tecnologia, se é que dá para colocar a questão desse jeito. Muitas conversas girando em vários locais, em várias publicações, livros, discussões em torno do tema, nem tão novo e nem tão discutido o suficiente.
De fato, ouvindo os professores, a questão de fundo que repercute é o que fazer com tudo isso. Como se organizar, como se preparar, como se relacionar com tudo isso sendo que o sistema formal educacional simplesmente deixa pouco espaço para propostas de relação mais flexíveis.
Há um contra-senso de fundo que gira em torno da questão: os sistemas de informação, a rede, tem um design de relações mais flexíveis, móveis, remotos, voltados para a promoção da colaboração e fluidez da informação. Os sistemas educacionais estão voltados para a disciplina e o controle, a garantia de validação de processos, a paranóia da prestação de contas e a tal da rede da educação se torna umbigada, conversando apenas consigo mesma nos meandros burocráticos dos seus processos.
Logo, o nó não é tecnológico, nem tampouco de acesso a tecnologia. O nó tá na proposta de relações que não se conversam, que não fazem sentido. Quando professores usam a rede em suas práticas educacionais, duas coisas, em geral, tendem a acontecer:
- nada acontece e os alunos não se apropriam, pois aquele espaço não é reconhecido por eles como sendo um legítimo espaço de apropriação;
- ocorre uma explosão informacional, com muito mais fluxo e apropriação do que o professor pode lidar, gerando a impressão de que há um caos no processo, atulhando o pouco tempo livre que temos para lidar com isso.
O que ocorre, ao meu ver, é uma falta de reflexão e preparo sobre como lidar com nossos sistemas relacionais e com os sistemas de informação em rede, que acreditamos que devemos nos apropriar como um próximo paradigma necessário para a educação. Mas, e a reflexão sobre que tipo de relação na educação propomos? E as aberturas necessárias e flexíveis para ativar um fluxo livre de conversa em rede? E a plasticidade de posições que precisamos ter para dar conta disso? E? E? E?
Há muito para se pensar nos projetos nessa área. As respostas não são fáceis, não prontas e nem tampouco modelos a serem seguidos. Uma das melhores alternativa é nos debruçarmos sobre cada caso, refletir, compreender, envolver o máximo de pessoas possíveis e se propor a construir um design emergente das relações e sistemas de informação que pretendemos utilizar.
E segue o trem....
4 comentários:
Oi Dalton
Fiquei bem interessada sobre estas conversas. Minha tese versa justamente sobre este espaço que une educação, trabalho e tecnologia e foca na inserção das TIC no trabalho do professor, em especial nas redes sociais online que os professores vem constituindo.
Uma das coisas que deve ter aparecido nesta conversa é a contradição de que a tecnologia que vem para enriquecer e até facilitar o trabalho do professor, acaba gerando trabalho extra que invade os seus já invadidos tempos de descanso. Comentar blogs, reponder emails, criar material digital, interagir, ... não encontram espaço no horário de trabalho do professor e, quase sempre, vêm como tarefas extras a cumprir.
Além disso, muitas formações vêm de forma vertical e não fazem sentido para o professor, que se ressente da interferência no seu trabalho.
Tu apontaste bem esta questão da escola querer mas limitar as relaçoes em rede. Um contínuo que acaba domesticando as tecnologias, conformadas aos mesmos processos de sempre.
abraços!
Suzana
Ei Dalton, foi muito bacana te receber em BH no NAP. Sua perspectiva acrescentou muito. Espero que para 2011 possamos ativar essa rede de conhecimento colaborativo que está emergindo entre os professores que frequentam o NAP (e outros que virão a frequentar!). abraços!
Olá Dalton!
Participei do Seminário no NAP em BH. Gostei muito de suas colocações e questionamentos. Foi muito bom e rico lhe ouvir!
Trabalho em escolas públicas, gosto muito das TICs, estudo e faço o possível para aplicá-las em minha prática, mas realmente sinto-me sozinha...
Em 2011, pretendo continuar buscando encaixar o uso da tecnologia com mais propriedade em minha rotina "engessada" da escola.
Abraços
Marilene Terra
pois é, marilene.
o bom da Internet é que essa rede nos ajuda a encontrarmos outros que estão na mesma busca.
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