Uma pergunta vem me provocando movimentos interessantes já alguns semanas que, por sinal, tem sido bastante inquietantes exatamente por isso. Pense num sistema de informação projetado com a intenção de conectar pessoas e não somente automatizar determinados processos por dentro de um conjunto de regras e interações previamente desenhadas, um blog por exemplo. O quanto o sistema influencia, limita as condições de apropriação e invenção de usos desse sistema e o quanto isso se torna uma questão menor quando consideramos que é o contexto, o sentido de uso que convoca a uma maior ou menor utilização de um ambiente informacional?
Ora entendo que a usabilidade, o design gráfico, a linguagem visual, estética tem uma força de atração, de comunicação criando um campo por onde meu pensamento percorre dialogando com formas, objetos, espaços, relações que podem ser estabelecidas, caminhos a serem percorridos, entradas, saídas, pontos de parada. Sem dúvida, esses objetos não são neutros, influenciam de alguma maneira minha experiência, talvez tanto quanto posso dizer que gosto menos ou mais de uma determinada forma, de uma pintura na parede, de uma escultura ou os traços de uma pessoa que se move em pleno campo do meu imaginário.
Ora entendo que, quando se trata de estabelecer uma boa conversa, importa muito pouco se estamos num boteco da esquina, numa passagem repentina por entre os corredores do trem urbano, num esbarrão em meio a Avenida Paulista ou sentados num toco com chão de terra batida e um copinho de café mareando no canto de na boca como tira gosto. A sensação que tenho é que faz pouca diferença quando minha intenção é estar com alguém, é encontrar algo que não se expressa pelo ambiente ao meu entorno, mas sim pela relação que desejo estabelecer com algo ou alguém.
Há uma diferença entre a tal usabilidade e a boa conversa. A primeira presume uma certa experiência que se quer compartilhar, um certo movimento intencional que se deseja comunicar com o máximo de eficiência possível, pois se trata de um caso de sucesso quando as pessoas de fato percorrem os fluxos informacionais da maneira que imaginávamos e realizam suas tarefas com alto grau de eficiência. É um ponto a se considerar. A segunda, a tal da boa conversa, me parece que inverte muito dessa lógica, pois ela cria caminhos por dentro do fluxo informacional, ela cria o próprio fluxo informacional em busca de atender a um chamado que me convoca. A força do querer estar presente muda tudo.
Acontece que esse jogo entre motivação, informação e apropriação de espaços se expressa no campo informacional através da linguagem, criando uma dança interessante de se dar conta quando paramos algum tempo para analisar esses tais sistemas informacionais. Ocorre que é a linguagem que entrega as muitas das estratégias.....
Mas, como perceber e visualizar isso? Como usar isso como um recurso disparador de conversas entre nós?
É aí que tem alguns aspectos bem interessantes para refletir sobre essa relação de redes sociais, estrutura, dinâmica, controle e liberdade.
Mas, o lance que me interesse aqui é como dar forma, ontologia móvel, para conversarmos sobre. É?
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