O exercício da meditação tem sido uma prática rotineira. Ao menos, 20 minutos diários. Parece pouco tempo e, no cotidiano das ações, esses 20 minutos mal dão para fazermos algo que contabilizamos com significativo ao final de um dia "normal".
Pois é, mas como o tempo é efetivamente relativo, esses 20 minutos praticando Shamata Pura (meditação sem foco) têm sido um mestre nos últimos tempos. A cada prática algum ponto sutil faz mais sentido e algo que parecia já conhecido se apresenta de uma outra forma, sob uma outra perspectiva e algo se conecta a uma compreensão maior do que afinal de contas estamos fazendo por aqui.
Tem um ponto que tem me chamado atenção na última semana. Venho observando que essa prática de meditação é uma forma muito interessante de notar como os impulsos cármicos (nossos modelos mentais de resposta automática frente aos fatos que vivenciamos) brotam na tela da consciência. Fico ali, parado, observando brotarem.
Dá vontade de rir de vários, pois parecem tão previsíveis, mas estão ainda estão lá, se manifestando de alguma forma.
O que venho notando é que quanto mais olho, mas consigo perceber que esses padrões não tem solidez alguma, não possuem realidade nenhuma e, efetivamente, são apenas escolhas inconscientes minhas de maneiras de me relacionar com esses acontecimentos no cotidiano. Ou seja, quanto mais olho, mais consigo perceber os elementos de que esses padrões são formados, seus agregados e mais fica fácil dissolver a referência que tenho deles como fenômenos concretos.
Interessante perceber que essa dissolvência está relacionada diretamente com uma ampliação do próprio grau de liberdade em relação ao que se dissolve. Se conseguir perceber isso antes de considerar o padrão de resposta como "a realidade", é possível evitar o ciclo que esse padrão dispara, cortando isso na origem de seu circuito de causalidade.
O processo todo é puramente sistêmico e a cada nova prática o contorno do que considero como o mapa do sistema se amplia um pouco mais.
Pois é, e quem diria que a dissolvência não precisa vir pela negação, pelo dualismo, ela pode vir pelo reconhecimento, pela consciência de que aquilo é apenas uma escolha.
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