Até aí, que há de novo? Tudo tá sempre mudando, a vida nunca é estática e nos fluxos e refluxos nos reinventamos a cada dia.
Mas, parece que a mudança dos tempos que vivemos apontam vetores interessantes quando começamos a relacionar redes, problemas de conversação, explosão de informação, necessidade de encontrar ordem, angústia, o caos por simplesmente perceber que as formas tradicionais de se organizar o trabalho não funcionam mais e nada que conheçamos parece dar conta de oferecer novas perspectivas.
Que o trabalho e a forma como nos comunicamos vem mudando, também não tem nada de novo e isso tem sido dito de múltiplas maneiras a bons anos. Acredito que 3 questões fundamentais vêm pautando esses processos de mudanças:
- medo, angústia da perder as referências, as certezas dos métodos e das formas que tradicionalmente sempre funcionaram. Toda a leva de metodologias rápidas e prontas, PMI, CRM, ERP, SAP, enfim... tudo o que criamos e desenvolvemos anos a fio para firmar certezas e ampliar nossa capacidade de previsão e organização da informação num mundo linear;
- aumento exponencial de produção e acesso a informação, capacidade de estabelecer relações em rede, redefinições de identidade, de perfis que simplesmente não são possíveis de serem tratadas pelas lógicas tradicionais de organização. Hierarquias de tomadas de decisão, maneiras tradicionais de se pensar divisão de recursos, distribuição de poder e responsabilidades. Isso está mudando, queiramos ou não, e as lógicas tradicionais de gestão que tentam organizar isso colapsam em suas tentativas centralizadas, fechadas e lineares.
- falta de conhecimento de outras possibilidades de se operar em meio ao caos e encontrar ordem. Dificuldade de operar sem um sentido de grupo, de coletivo e enorme dificuldade de saber como isso pode ser construído. Antigas referências de participação não dão conta. As pessoas mudaram, suas necessidades de participação são geracionais, suas visões do que é atuar em rede mudaram, suas necessidades de instâncias de distribuição de poder se agenciam em rede, querendo ou não. Não sabemos criar fluxos de organização disso.
Se isso é um problema ou não, enfim, não creio que seja essa a questão. Acho que isso vai depender do olhar de quem observa ou não assim.
A questão que fica é, para onde José? Parece que fica a sensação de que temos a chave da porta, mas a porta já não há.
Alguns sinais interessantes parecem indicar traços de novas portas que podem ser construídas no fazer fazendo:
- Novas tecnologias de conversação de grupos: Open Space, World Cafe, Investigação Apreciativa, etc...
- Novas possibilidades de encontrar ordem nos fluxos da informação: Scale Free Networks, Power laws, Sistemas não-lineares, sistemas adaptativos, etc...
- Novas possibilidades de organização em rede: a rede não como metáfora, mas como tendência de fluxo de informação. Abertura e disponibilização da informação em instâncias coletivas de decisão e conversação. Orçamentos abertos, decisões compartilhadas, alinhamentos coletivos.
Um desafio interessante e instigante é trabalhar a partir dessas 3 dimensões que, talvez, possam ser extremamente úteis quando se trata de encontrarmos novos caminhos e novas maneiras de estarmos juntos, não reduzindo e diminuindo a complexidade das tendências que vivemos, mas inventando novas formas de potencializá-las e reintegrá-las na produção de si.
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