Muito se fala hoje em dia sobre formas e possibilidades de se controlar redes, de se prever seu comportamento, de mapear suas relações para que possamos ter maneiras de fazer uma gestão mais atuante na complexidade das redes.
Já faz algum tempo que venho discutindo isso e questionando a impossibilidade que é utilizar ferramentas de mapeamento e gestão para se controlar redes: isso definitivamente não funciona e essas metodologias não servem para isso.
Mas, hoje encontrei uma citação chave para essa visão a respeito do que é essa tal sensação e necessidade de controle que circula na sociedade, nos grupos sociais e nas organizações. O medo de não conseguir pensar de outra maneira e a própria impossibilidade de refletir de outras formas leva e enquadra o raciocínio em níveis de contingência do pensamento que, sem dúvida, estão por detrás da irresponsabilidade muitas "boas iniciativas" de gestão que podemos observar nas empresas, governos, ongs, etc.
Cito aqui J. Doyne Farmer:
"Para prever a trajetória de algo, você precisa compreender todos os detalhes e monitorar cada detalhe. Isso é como resolver o problema do terrorismo pela vigilância e pela segurança. Estabeleça um sistema que detecte e siga cada terrorista e impeça-os de agir. Esta é uma solução tentadora, porque é fácil construir um consenso político para esse fim, e isto envolve tecnologia, que é algo em que nós somos bons. Mas, se há algo que aprendi em meus vinte e cinco anos de tentativas de predizer sistemas caóticos, é que isto é muito difícil, e é basicamente impossível de fazê-lo bem."
Mapeamentos são inúteis como foram de controle, pois sempre vão criar caixas de ressonâncias que detectam o sintoma conforme a causa que conseguem enxergar. A questão não está aí.
O ponto chave dessa conversa é a linguagem e a metalinguagem.
Ampliamos nosso potencial de rede, nosso adensamento e conversação quando conseguimos abrir novos espaços para conversarmos sobre como conversamos. Aí o mapeamento nos ajuda como estratégia de dobra, de ampliação da consciência do grupo a respeito de seus próprios temas, questões e filtros de relevância que surgem das contingências de sua própria linguagem.
Pra que ERP, CRM, SAP? Se mercados são conversações, a gestão se faz na subjetividade, no entre, na capacidade de operar na complexidade e não na capacidade de controlar e conseguir realizar previsões.
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